AOS PÉS DE LOTUS DO AMAOR DE KRISHNA
AOS PÉS DE LOTUS DO AMAOR DE KRISHNA
(Uma Mão no Mundo, e a Outra Mão no Céu; e o Coração em Tudo)
Amigo, com uma mão, toca o mundo.
Mas não te esqueças de, com a outra mão,
Tocar os Pés do Senhor da Vida.
Tolos são os que se deixam engolfar pelo mundo. São arrastados pelas correntes dos desejos... Até que desembocam nas perigosas corredeiras das ilusões e da dor. Ao tentar segurar as coisas do mundo com as duas mãos, perdem tudo. Por isso, segura nos Pés d’Ele. É o teu refúgio e tua segurança. E Ele conhece o teu coração. Então, entrega o teu espírito a Ele. Para que Ele guie tua jornada. Porque Ele é a respiração de tudo que respira. É d’Ele que vem o Sopro Vital do Eterno. E o Amor que tu sentes, também é Ele em ti. Ele é o Sol dos sóis; a Luz das luzes. O teu labor e tua vida estão no Poder d’Ele. Tua senda é iluminada por Ele. É Ele que olha pelos teus olhos e ri contigo. E é Ele que brilha lá em cima, no zimbório celeste. Assim como em teu coração. Com uma mão, toca o mundo. Com a outra, toca os Pés d’Ele. E não te esqueças, jamais, que, sem Ele, tu não és nada! Amigo, Ele está em ti, e em todos os seres. E também está na Terra, e no Espaço Infinito... Mas Ele é simples, como a vida, e ri contigo. E o amor d’Ele é a coisa mais linda de todas. Não te esqueças d’Ele por causa das coisas do teu ego. Nem por causa das seduções do mundo e da loucura dos homens. Sem Ele, a jornada fica triste e amarga. E, mesmo com todo sucesso do mundo, teu espírito sentirá um vazio. Porque o Poder que acende as estrelas, é o mesmo que acende teu Ser. E de que adianta rir sem Ele? Ou viver sem luz na jornada? Não, amigo. É Ele que brilha em teus olhos; sempre foi... Mesmo que tu não te lembres, porque teu ego não deixa, É Ele que te dá a vida. E quando tu te moves, esquecido d’Ele, teus movimentos ficam sombrios. Então, curva a tua cabeça e toca os Pés d’Ele. Para que tua jornada no mundo seja auspiciosa, com Ele em ti. E não te esqueças: Ele ri contigo. E criou o Amor mais lindo de todos. Amigo, Ele é tua felicidade. Toca os Pés d’Ele... Com gratidão. Paz e Luz*. - Wagner Borges –
Tolos são os que se deixam engolfar pelo mundo. São arrastados pelas correntes dos desejos... Até que desembocam nas perigosas corredeiras das ilusões e da dor. Ao tentar segurar as coisas do mundo com as duas mãos, perdem tudo. Por isso, segura nos Pés d’Ele. É o teu refúgio e tua segurança. E Ele conhece o teu coração. Então, entrega o teu espírito a Ele. Para que Ele guie tua jornada. Porque Ele é a respiração de tudo que respira. É d’Ele que vem o Sopro Vital do Eterno. E o Amor que tu sentes, também é Ele em ti. Ele é o Sol dos sóis; a Luz das luzes. O teu labor e tua vida estão no Poder d’Ele. Tua senda é iluminada por Ele. É Ele que olha pelos teus olhos e ri contigo. E é Ele que brilha lá em cima, no zimbório celeste. Assim como em teu coração. Com uma mão, toca o mundo. Com a outra, toca os Pés d’Ele. E não te esqueças, jamais, que, sem Ele, tu não és nada! Amigo, Ele está em ti, e em todos os seres. E também está na Terra, e no Espaço Infinito... Mas Ele é simples, como a vida, e ri contigo. E o amor d’Ele é a coisa mais linda de todas. Não te esqueças d’Ele por causa das coisas do teu ego. Nem por causa das seduções do mundo e da loucura dos homens. Sem Ele, a jornada fica triste e amarga. E, mesmo com todo sucesso do mundo, teu espírito sentirá um vazio. Porque o Poder que acende as estrelas, é o mesmo que acende teu Ser. E de que adianta rir sem Ele? Ou viver sem luz na jornada? Não, amigo. É Ele que brilha em teus olhos; sempre foi... Mesmo que tu não te lembres, porque teu ego não deixa, É Ele que te dá a vida. E quando tu te moves, esquecido d’Ele, teus movimentos ficam sombrios. Então, curva a tua cabeça e toca os Pés d’Ele. Para que tua jornada no mundo seja auspiciosa, com Ele em ti. E não te esqueças: Ele ri contigo. E criou o Amor mais lindo de todos. Amigo, Ele é tua felicidade. Toca os Pés d’Ele... Com gratidão. Paz e Luz*. - Wagner Borges –
Radhastami
Radhastami
Que toda a auspicosa recaia sobre nós!
Nesse mês de setembro será celebrado o dia do aparecimento transcendental de Srimati Radharani, a companheira eterna do Senhor Krishna.
O que poderia eu dizer a respeito de Radharani? Ela é o objetivo último de todo buscador sincero da verdade. Aprendemos com os mestres Vaisnavas que a Verdade Absoluta é, em última estância, representada pelo casal adorável: Sri Sri Radha Govinda.
Ela está ao lado dele. Ela conhece cada um dos seus segredos. Ela desconhece tudo aquilo que não se refere à satsifação plena do Centro Absoluto. Somente Ela pode nos conduzir ao centro te toda satisfação, somente por meio de Sua potência inconcebível podemos adentrar no fluxo eterno e extático do serviço transcendental amoroso a Krishna.
Oremos com sinceridade aos Pés de Lótus de Sri Radhika! Oh! Mãe adorável, nos prostramos tal qual uma bastão perante os servos de seus servos! Quem sabe um dia teremos um vislumbre real da beleza e doçura inconcebível que flui da poeira de Seus Sagrados Pés?
Srimati Radharani Ki Jay!
Que toda a auspicosa recaia sobre nós!
Nesse mês de setembro será celebrado o dia do aparecimento transcendental de Srimati Radharani, a companheira eterna do Senhor Krishna.
O que poderia eu dizer a respeito de Radharani? Ela é o objetivo último de todo buscador sincero da verdade. Aprendemos com os mestres Vaisnavas que a Verdade Absoluta é, em última estância, representada pelo casal adorável: Sri Sri Radha Govinda.
Ela está ao lado dele. Ela conhece cada um dos seus segredos. Ela desconhece tudo aquilo que não se refere à satsifação plena do Centro Absoluto. Somente Ela pode nos conduzir ao centro te toda satisfação, somente por meio de Sua potência inconcebível podemos adentrar no fluxo eterno e extático do serviço transcendental amoroso a Krishna.
Oremos com sinceridade aos Pés de Lótus de Sri Radhika! Oh! Mãe adorável, nos prostramos tal qual uma bastão perante os servos de seus servos! Quem sabe um dia teremos um vislumbre real da beleza e doçura inconcebível que flui da poeira de Seus Sagrados Pés?
Srimati Radharani Ki Jay!
Festival Krishna janmasthami ( SJRP)
#Hare Krsna! Por favor, aceitem nossas mais humildes reverências! #Convidamos a todos os devotos e amigos de Rio Preto e Regiao, para o festival de Krsna Janmasthami que se realizara neste sabado...
Krishna é o amante de Radha.
Krishna é o amante de Radha. Ele exibe Seus muitos passatempos amorosos nos bosques de Vrindavana, Ele é o amante das donzelas (vaqueirinhas de Vraja), Ele ergueu a grande colina chamada Govardhana com um só dedinho, Ele é filho amado filho de mãe Yashoda, o encantador dos habitantes de Vraja, e Ele vagueia pelas florestas ao longo das margens do rio Yamuna.
como se tornar um devoto de krishna
Perguntas Frequentes
O Deus de vocês é o mesmo Deus que está na Bíblia?
Em que vocês acreditam?
Por que não comem carne?
Que significa a pintura no nariz e na testa?
Por que raspam a cabeça?
Por que usam essas roupas?
O que significa esses nomes que usam?
Quem é Srila Prabhupada?
O que é esse saquinho que carregam?
O que é esse colar que usam?
Posso visitar o templo?
Em que idioma cantam suas canções?
Quem é a mocinha que está com Krishna?
O Deus de vocês é o mesmo Deus que está na Bíblia?
Sim. Nossa filosofia básica é que existe um somente um Senhor Supremo e que todos os seres vivos são Seus servos amorosos. Ele transmite Suas instruções à raça humana pessoalmente através de Seus vários filhos, servos, representantes idôneos, e essas instruções, ou escrituras, são as bases de todas as religiões genuínas.Krishna, que significa em sânscrito "o Todo-Atrativo" é o mesmo Deus adorado na Bíblia e em outras escrituras. Deus tem ilimitados nomes e Krishna é um deles.
Em que vocês acreditam?
A filosofia Védica da consciência de Krishna é vasta. Mas aqui vai um brevíssimo resumo da nossa filosofia: A primeira coisa que devemos entender é que não somos nosso corpo, somos seres espirituais eternos. Esse é o primeiro passo. Portanto nosso dever não é simplesmente correr atrás da satisfação dos nossos sentidos, como cachorros, gatos e porcos, pois isso tudo é passageiro e inútil. Devemos nos dedicar aquilo que é eterno, ou seja, aquilo que é espiritual. Portanto o segundo passo é aprender a distinguir o espiritual do material. Deus, Krishna, é absoluto. Portanto tudo diretamente ligado a Ele é não diferente dEle. Por exemplo, Seus santos nomes são idênticos a Ele – não há diferença. No mundo material é diferente. O nome “manga” é diferente da fruta manga. Mas com Krishna é diferente. Tudo diretamente ligado a Ele é espiritual, não diferente Dele. Assim, Seu nome, Seu serviço, Seu templo, Suas instruções, Seus livros, Seus devotos puros, Sua comida - tudo é 100% espiritual. O sucesso da vida, então, está em cada vez mais moldar sua vida de forma que tudo você pensa, tudo que fala, tudo que faz é espiritual, é ligado a Deus, a Krishna. Chamamos isso de consciência de Krishna. Na medida que espiritualizamos nossas vidas, chegamos cada vez mais próximos do padrão de felicidade perfeita que podemos experimentar na plataforma espiritual original. É algo concreto que podemos experimentar em nosso dia a dia - não é uma questão de esperar os resultados para a próxima vida. Como Krishna é a fonte de tudo que existe, inclusive nós mesmos, agir de qualquer outra forma é tolice, fruto de nossa ignorância, ilusão. Por exemplo, digamos que você acorda um dia achando que é uma princesa de um conto de fadas e tudo que faz é com base nisso. Você nem sabe em que país está, quem é seu pai, o que tem que fazer - todos vão concordar que você está louco, não é mesmo? O resultado será que todas suas ações e palavras serão equivocadas, inúteis, pois você não é quem pensa que é. Da mesma forma ao não saber que somos uma alma eterna, parte e parcela de Deus, de Krishna, e que tudo a Ele pertence, não será possível agirmos da forma correta e tirar proveito de nossa vida.
Por que vocês não comem carne?
Por muitas razões, comer carne não é saudável nem física nem espiritualmente. Os médicos descobriram que há uma relação entre o consumo de carne e doenças tais como câncer e ataque cardíaco. Os cientistas afirmam que nossos corpos são muito parecidos com os de herbívoros e totalmente diferentes dos corpos dos carnívoros. Nutricionistas nos dizem que ao combinarmos de forma adequada alimentos tais como feijão, cereais, nozes e laticínios, obtemos até mais proteínas do que precisamos, e elas são bem mais fáceis de serem digeridas. Muitos dos primeiros cristãos, como Santo Agostinho e São Francisco, condenavam a matança de animais e o consumo de carne por estes serem atos cruéis e enfatizam que a dieta perfeita para cada homem, tal como é dada no Gênesis (1:29-30), é vegetariana. Os devotos de Krishna vão bem além do vegetarianismo, pois mesmo por matar vegetais a pessoa incorre em ação pecaminosa. Portanto, como prescreve nossa escritura, o Bhagavad-gita, primeiro oferecemos todo nosso alimento ao senhor com amor e devoção, e ao abençoá-lo, Ele o liberta de todos os pecados. Nós chamamos este alimento de prasadam - "a misericórdia do Senhor"
Que significa a pintura no nariz e na testa?
Chama-se tilaka e é feita com argila especial proveniente dos rios sagrados da Índia. Após nos banharmos, marcamos nossos corpos com tilaka para designá-los como templos de Deus, que habita os corações de todas as entidades vivas. Existem duas pinturas bizantinas de Jesus Cristo, do ano 1100, bem como o Sudário de Turim, mostrando uma inconfundível marca em "V" em seu nariz e testa. Até hoje os eruditos e o clero não puderam explicar isto, mas é possível que Jesus também seguia essa tradição milenar.
Por que vocês raspam a cabeça?
Para manter a limpeza e cultivar a simplicidade e humildade, os monges celibatários e alguns homens casados raspam a cabeça. Essa antiga tradição indica que pessoa está mais interessada em cultivar a beleza da alma que a do corpo. Ao raspar a cabeça, deixa-se um tufo de cabelo, que chama-se sikha. No oriente outros grupos monásticos, como os niilistas e impersonalistas, também raspam a cabeça; portanto, os monges Hare Krishna usam a sikha para serem distinguidos como teístas personalistas.Porém, para aqueles que não são monges no Templo, essas práticas não são obrigatórias ou necessárias para a prática da consciência de Krishna.
Por que usam essas roupas?
O costume de usar as roupas conhecidas pelos devotos Hare Krishna como "roupas devocionais" foi-nos transmitido por Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, o acharya-fundador da ISKCON, através de instruções e, principalmente, de seu próprio exemplo pessoal. A parte inferior da roupa usado pelos homens é chamada de "dhoti" e a parte superior de "kurta". Também é comum os homens usarem mantos na parte superior do corpo. As mulheres usam o sari. No caso dos homens, existe a opção do devoto pela vida de renúncia em celibato (roupa açafrão), ou vida familiar (roupa branca), já as mulheres podem usar a cor que preferirem.
O que significa esses nomes que usam?
Nossa real natureza é 100% espiritual, somos parte e parcela de Deus, Krishna, e Seus eternos servos amorosos. Nosso corpo é temporário e deve ser usado para atingirmos esse estágio de compreensão e consequentes atividades no plano espiritual. Quando você nasce, recebe um nome baseado em seu corpo. Em outras vidas tinha outros nomes. Todos temporários e mundanos. Quando você de fato compreender que não é seu corpo e aceita um mestre espiritual, e ele o aceita, você recebe um nome que diz respeito a sua natureza espiritual. Assim, quando somos iniciados, ou seja, quando estamos no ponto de seriamente seguir o processo de consciência de Krishna, recebemos um nome espiritual. Esses são nomes de Deus, ou de Seus associados eternos, seguidos pela palavra Das (para homens) e Dasi (para mulheres). Das e Dasi significa servo e serva.
Quem é Srila Prabhupada?
Sua Divina Graça A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada é o acharya-fundador da ISKCON e da BBT, a editora da ISKCON. Ele nasceu em 1896 na cidade de Calcutá, Índia. Em sua iniciação espiritualem 1933, seu mestre espiritual, Srila Bhaktisiddhanta Saraswati Thakura, deu-lhe o nome de Abhay Charanaravinda Das. Depois de se aposentar de sua vida familiar em 1950, Srila Prabhupada estudou profundamente e traduziu a literatura védica e lhe foi conferido o título honorífico de "Bhaktivedanta". Em 1965, sob a ordem de seu mestre espiritual, ele foi ao ocidente para difundir a consciência de Krishna. Ele fundou a Sociedade Internacional para Consciência de Krishna (ISKCON) em Nova Iorque em 1966. Ele abriu 108 templos, escolas e comunidades rurais. Também organizou grandes festivais mundo afora. Sua contribuição mais importante são seus livros, incluindo as traduções e comentários do Bhagavad-gita, Srimad-Bhagavatam e Chaitanya-charitamrita. Em 1972 Srila Prabhupada fundou a Bhaktivedanta Book Trust (BBT) para publicar seus livros. Ele partiu desse mundo em 1977.
O que é esse saquinho que carregam?
Esse saquinho (ou bolsa) contém nossas contas de meditação ("japa-mala" em sânscrito), ou nosso "rosário".
Mantém nossas contas limpas e protegidas.
O que é esse colar que usam?
Esse colar, conhecido como kanthi, é feito de pequenas contas da sagrada madeira Tulasi. As escrituras védicas explicam que esse tipo de colar é muito auspicioso e traz proteção espiritual ao usuário. Ajuda o praticante a lembrar que ele é um servo amoroso de Deus e aos demais a identificá-lo como tal. Seu uso é aconselhável a todos, mesmo os que estão começando agora.
Posso visitar o Templo?
Sim! Nossos Templos são abertos ao público. É apenas uma questão de ver com o Templo ou Centro Cultural em questão o melhor momento para fazer sua visita. O programa mais freqüentado é o chamado “Festival de Domingo”. Um programa típico começa com o canto congregacional de mantras e canções devocionais que acompanham um ritual. Em seguida tem uma aula e depois é servido um alimento espiritual (prasadam). Em alguns lugares após a aula tem mais canto de mantras e canções também.
Em que idioma cantam suas canções?
O idioma mais usado em nossas orações formais e canções é o sânscrito, às vezes chamado de "a mãe de todas as línguas". É a língua das escrituras Védicas. É também conhecido como a língua dos semideuses. Outro idioma usado em algumas de nossas escrituras e canções é o Bengali, principalmente pelo fato do Senhor Chaitanya, o principal avatara dessa Era, ter aparecido lá, como apareceram também muitos santos e mestres espirituais de nossa tradição.
Quem é a mocinha que está com Krishna?
Srimati Radharani é a energia interna personificada do Senhor Krishna. Ela é a representação feminina de Deus. Ela é o abrigo de todos os devotos e o exemplo supremo de devoção. No mantra Hare Krishna, Hare se refere a Ela. É necessário bastante avanço espiritual para compreender Srimati Radharani e Sua posição única. Lendo o Néctar da Devoção, o Caitanya Caritamrta e o Srimad Bhagavatam poderemos ter uma noção melhor de quem é Srimati Radharani.
O Deus de vocês é o mesmo Deus que está na Bíblia?
Em que vocês acreditam?
Por que não comem carne?
Que significa a pintura no nariz e na testa?
Por que raspam a cabeça?
Por que usam essas roupas?
O que significa esses nomes que usam?
Quem é Srila Prabhupada?
O que é esse saquinho que carregam?
O que é esse colar que usam?
Posso visitar o templo?
Em que idioma cantam suas canções?
Quem é a mocinha que está com Krishna?
O Deus de vocês é o mesmo Deus que está na Bíblia?
Sim. Nossa filosofia básica é que existe um somente um Senhor Supremo e que todos os seres vivos são Seus servos amorosos. Ele transmite Suas instruções à raça humana pessoalmente através de Seus vários filhos, servos, representantes idôneos, e essas instruções, ou escrituras, são as bases de todas as religiões genuínas.Krishna, que significa em sânscrito "o Todo-Atrativo" é o mesmo Deus adorado na Bíblia e em outras escrituras. Deus tem ilimitados nomes e Krishna é um deles.
Em que vocês acreditam?
A filosofia Védica da consciência de Krishna é vasta. Mas aqui vai um brevíssimo resumo da nossa filosofia: A primeira coisa que devemos entender é que não somos nosso corpo, somos seres espirituais eternos. Esse é o primeiro passo. Portanto nosso dever não é simplesmente correr atrás da satisfação dos nossos sentidos, como cachorros, gatos e porcos, pois isso tudo é passageiro e inútil. Devemos nos dedicar aquilo que é eterno, ou seja, aquilo que é espiritual. Portanto o segundo passo é aprender a distinguir o espiritual do material. Deus, Krishna, é absoluto. Portanto tudo diretamente ligado a Ele é não diferente dEle. Por exemplo, Seus santos nomes são idênticos a Ele – não há diferença. No mundo material é diferente. O nome “manga” é diferente da fruta manga. Mas com Krishna é diferente. Tudo diretamente ligado a Ele é espiritual, não diferente Dele. Assim, Seu nome, Seu serviço, Seu templo, Suas instruções, Seus livros, Seus devotos puros, Sua comida - tudo é 100% espiritual. O sucesso da vida, então, está em cada vez mais moldar sua vida de forma que tudo você pensa, tudo que fala, tudo que faz é espiritual, é ligado a Deus, a Krishna. Chamamos isso de consciência de Krishna. Na medida que espiritualizamos nossas vidas, chegamos cada vez mais próximos do padrão de felicidade perfeita que podemos experimentar na plataforma espiritual original. É algo concreto que podemos experimentar em nosso dia a dia - não é uma questão de esperar os resultados para a próxima vida. Como Krishna é a fonte de tudo que existe, inclusive nós mesmos, agir de qualquer outra forma é tolice, fruto de nossa ignorância, ilusão. Por exemplo, digamos que você acorda um dia achando que é uma princesa de um conto de fadas e tudo que faz é com base nisso. Você nem sabe em que país está, quem é seu pai, o que tem que fazer - todos vão concordar que você está louco, não é mesmo? O resultado será que todas suas ações e palavras serão equivocadas, inúteis, pois você não é quem pensa que é. Da mesma forma ao não saber que somos uma alma eterna, parte e parcela de Deus, de Krishna, e que tudo a Ele pertence, não será possível agirmos da forma correta e tirar proveito de nossa vida.
Por que vocês não comem carne?
Por muitas razões, comer carne não é saudável nem física nem espiritualmente. Os médicos descobriram que há uma relação entre o consumo de carne e doenças tais como câncer e ataque cardíaco. Os cientistas afirmam que nossos corpos são muito parecidos com os de herbívoros e totalmente diferentes dos corpos dos carnívoros. Nutricionistas nos dizem que ao combinarmos de forma adequada alimentos tais como feijão, cereais, nozes e laticínios, obtemos até mais proteínas do que precisamos, e elas são bem mais fáceis de serem digeridas. Muitos dos primeiros cristãos, como Santo Agostinho e São Francisco, condenavam a matança de animais e o consumo de carne por estes serem atos cruéis e enfatizam que a dieta perfeita para cada homem, tal como é dada no Gênesis (1:29-30), é vegetariana. Os devotos de Krishna vão bem além do vegetarianismo, pois mesmo por matar vegetais a pessoa incorre em ação pecaminosa. Portanto, como prescreve nossa escritura, o Bhagavad-gita, primeiro oferecemos todo nosso alimento ao senhor com amor e devoção, e ao abençoá-lo, Ele o liberta de todos os pecados. Nós chamamos este alimento de prasadam - "a misericórdia do Senhor"
Que significa a pintura no nariz e na testa?
Chama-se tilaka e é feita com argila especial proveniente dos rios sagrados da Índia. Após nos banharmos, marcamos nossos corpos com tilaka para designá-los como templos de Deus, que habita os corações de todas as entidades vivas. Existem duas pinturas bizantinas de Jesus Cristo, do ano 1100, bem como o Sudário de Turim, mostrando uma inconfundível marca em "V" em seu nariz e testa. Até hoje os eruditos e o clero não puderam explicar isto, mas é possível que Jesus também seguia essa tradição milenar.
Por que vocês raspam a cabeça?
Para manter a limpeza e cultivar a simplicidade e humildade, os monges celibatários e alguns homens casados raspam a cabeça. Essa antiga tradição indica que pessoa está mais interessada em cultivar a beleza da alma que a do corpo. Ao raspar a cabeça, deixa-se um tufo de cabelo, que chama-se sikha. No oriente outros grupos monásticos, como os niilistas e impersonalistas, também raspam a cabeça; portanto, os monges Hare Krishna usam a sikha para serem distinguidos como teístas personalistas.Porém, para aqueles que não são monges no Templo, essas práticas não são obrigatórias ou necessárias para a prática da consciência de Krishna.
Por que usam essas roupas?
O costume de usar as roupas conhecidas pelos devotos Hare Krishna como "roupas devocionais" foi-nos transmitido por Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, o acharya-fundador da ISKCON, através de instruções e, principalmente, de seu próprio exemplo pessoal. A parte inferior da roupa usado pelos homens é chamada de "dhoti" e a parte superior de "kurta". Também é comum os homens usarem mantos na parte superior do corpo. As mulheres usam o sari. No caso dos homens, existe a opção do devoto pela vida de renúncia em celibato (roupa açafrão), ou vida familiar (roupa branca), já as mulheres podem usar a cor que preferirem.
O que significa esses nomes que usam?
Nossa real natureza é 100% espiritual, somos parte e parcela de Deus, Krishna, e Seus eternos servos amorosos. Nosso corpo é temporário e deve ser usado para atingirmos esse estágio de compreensão e consequentes atividades no plano espiritual. Quando você nasce, recebe um nome baseado em seu corpo. Em outras vidas tinha outros nomes. Todos temporários e mundanos. Quando você de fato compreender que não é seu corpo e aceita um mestre espiritual, e ele o aceita, você recebe um nome que diz respeito a sua natureza espiritual. Assim, quando somos iniciados, ou seja, quando estamos no ponto de seriamente seguir o processo de consciência de Krishna, recebemos um nome espiritual. Esses são nomes de Deus, ou de Seus associados eternos, seguidos pela palavra Das (para homens) e Dasi (para mulheres). Das e Dasi significa servo e serva.
Quem é Srila Prabhupada?
Sua Divina Graça A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada é o acharya-fundador da ISKCON e da BBT, a editora da ISKCON. Ele nasceu em 1896 na cidade de Calcutá, Índia. Em sua iniciação espiritualem 1933, seu mestre espiritual, Srila Bhaktisiddhanta Saraswati Thakura, deu-lhe o nome de Abhay Charanaravinda Das. Depois de se aposentar de sua vida familiar em 1950, Srila Prabhupada estudou profundamente e traduziu a literatura védica e lhe foi conferido o título honorífico de "Bhaktivedanta". Em 1965, sob a ordem de seu mestre espiritual, ele foi ao ocidente para difundir a consciência de Krishna. Ele fundou a Sociedade Internacional para Consciência de Krishna (ISKCON) em Nova Iorque em 1966. Ele abriu 108 templos, escolas e comunidades rurais. Também organizou grandes festivais mundo afora. Sua contribuição mais importante são seus livros, incluindo as traduções e comentários do Bhagavad-gita, Srimad-Bhagavatam e Chaitanya-charitamrita. Em 1972 Srila Prabhupada fundou a Bhaktivedanta Book Trust (BBT) para publicar seus livros. Ele partiu desse mundo em 1977.
O que é esse saquinho que carregam?
Esse saquinho (ou bolsa) contém nossas contas de meditação ("japa-mala" em sânscrito), ou nosso "rosário".
Mantém nossas contas limpas e protegidas.
O que é esse colar que usam?
Esse colar, conhecido como kanthi, é feito de pequenas contas da sagrada madeira Tulasi. As escrituras védicas explicam que esse tipo de colar é muito auspicioso e traz proteção espiritual ao usuário. Ajuda o praticante a lembrar que ele é um servo amoroso de Deus e aos demais a identificá-lo como tal. Seu uso é aconselhável a todos, mesmo os que estão começando agora.
Posso visitar o Templo?
Sim! Nossos Templos são abertos ao público. É apenas uma questão de ver com o Templo ou Centro Cultural em questão o melhor momento para fazer sua visita. O programa mais freqüentado é o chamado “Festival de Domingo”. Um programa típico começa com o canto congregacional de mantras e canções devocionais que acompanham um ritual. Em seguida tem uma aula e depois é servido um alimento espiritual (prasadam). Em alguns lugares após a aula tem mais canto de mantras e canções também.
Em que idioma cantam suas canções?
O idioma mais usado em nossas orações formais e canções é o sânscrito, às vezes chamado de "a mãe de todas as línguas". É a língua das escrituras Védicas. É também conhecido como a língua dos semideuses. Outro idioma usado em algumas de nossas escrituras e canções é o Bengali, principalmente pelo fato do Senhor Chaitanya, o principal avatara dessa Era, ter aparecido lá, como apareceram também muitos santos e mestres espirituais de nossa tradição.
Quem é a mocinha que está com Krishna?
Srimati Radharani é a energia interna personificada do Senhor Krishna. Ela é a representação feminina de Deus. Ela é o abrigo de todos os devotos e o exemplo supremo de devoção. No mantra Hare Krishna, Hare se refere a Ela. É necessário bastante avanço espiritual para compreender Srimati Radharani e Sua posição única. Lendo o Néctar da Devoção, o Caitanya Caritamrta e o Srimad Bhagavatam poderemos ter uma noção melhor de quem é Srimati Radharani.
#FESTIVAL DE BALARAMA EM SÃO JOSE DOI RIO PRETO
BHAGAVAD-GITA: CANTO XI A VISÃO DA FORMA CÓSMICA DE DEUS
A VISÃO DA FORMA CÓSMICA DE DEUS
Fala Arjuna:
1. Meu erro se desvaneceu ao escutar tuas palavras sobre o supremo mistério do Adhyâtma, que para meu bem me revelastes.
2. De Teus lábios aprendi em detalhe a origem e a dissolução dos seres, ó Tu de olhos de lótus, assim como sua eterna grandeza.
Krishna e Arjuna no campo de batalha
3. Gostaria de contemplar tua forma soberana, Senhor supremo, tal como me foi descrita por Ti, ó Puruchottama.
4. Se julgas possível para mim semelhante visão, mostra-Te a meus olhos, senhor da yoga, em Tua totalidade.
Fala Krishna:
5. Contempla, filho de Prithâ, minhas centenas de milhares de formas divinas, todas variadas, de diversas cores e formas.
6. Contempla os adytyas, os vasus, os rudras, os ahvins e os maruts. Admira, filho de Bharata, esta multidão de maravilhas até agora nunca vistas.
7. Contempla hoje aqui o Universo inteiro, animado e inanimado, reunido em Meu corpo, Gudâkesha, e tudo aquilo que desejes ver.
8. Mas não é possível que me vejas com teus olhos. Dou-te, pois, um olho divino. Contempla-Me agora em minha Yoga divina.
Fala Sanjaya:
9. Tendo assim falado, ó Rei, Hari, Senhor da Yoga, mostrou a Pârtha Sua forma suprema de divindade infinita, com rostos voltados para toda parte,
10. que contém em si todas as maravilhas do existente, que multiplica infinitamente todas as esplêndidas manifestações de Seu ser, uma divindade vasta como o Mundo, que vê através de inumeráveis olhos e fala através de inúmeras bocas, brandindo armas refulgentes,
11. gloriosa em seus ornamentos divinos, vestida com um raio celeste de divindade, suave com suas guirlandas de flores divinas, envolta em divinos aromas.
12. Tão luminoso era aquele ser magnânimo como mil sóis que surgissem juntos no firmamento.
13. O Mundo inteiro, múltiplo e no entanto uno era visível no corpo do Deus dos deuses.
14. E então, maravilhado, estupefato e amedrontado Dhananjaya prosternou-se e, juntando as mãos, dirigiu-se à divindade:
Fala Arjuna:
15. Em Teu corpo, ó Deus, contemplo todos os deuses e as inúmeras variedades de seres ao lado de Brahma, sentado em seu trono de lótus, e todos os rishis e serpentes divinas.
16. Vejo braços, ventres, olhos e bocas inúmeros, mas não vejo em Ti, origem, meio ou fim, ó Senhor do Universo, forma universal.
17. Vejo-Te com a fronte cingida pela tiara e armado com a maça e o disco, mas mal posso distinguir-Te pois és por toda parte a meu redor uma massa luminosa de energia, imensurável, resplandescente como o fogo e como o Sol.
18. Tu és o imortal e o mais sublime de todos os seres que se possa conceber, sustentáculo e morada do Universo; perene guardião da lei eterna e causa perpétua de tudo quanto existe.
19. Em Ti não há princípio, meio ou fim; Teu poder é imenso; infinitos são Teus braços; Tens por olhos o Sol e a Lua; Teu rosto é flamejante como o fogo do sacrifício e com Tuas irradiações abrasas este Universo.
20. Apenas Tu preenches o espaço entre o céu e a Terra. Os três mundos estremecem, ó ser magnânimo, ao contemplar Tua forma tremenda e prodigiosa.
21. A Ti acorrem as legiões de deuses; alguns deles cheios de temor Te invocam, juntando as mãos. "Salve!", exclamam em coro as multidões de grandes rishis e siddhas, louvando-Te em cânticos sublimes.
22. Os rudras, adityas, vasus, sâdhyas, vishvas, ashvins, maruts e uchmapas, assim como os músicos celestes, yashkas, asuras e sidhas Te contemplam todos maravilhados.
23. Os mundos se amedrontam como eu, ó Tu de braços poderosos, ao ver Tua forma monstruosa, com tamanha profusão de bocas e olhos, tantos braços pernas e pés, tantos ventres e dentes ameaçadores.
24. Pois ao ver-Te tocando o céu, resplandecendo em diversos matizes, ao contemplar Tuas bocas desmesuradamente abertas e Teus olhos enorme e fulgurantes, minha alma estremece, ó Visnhu, perco a paz e sinto-me desfalecer.
25. Quando vejo tuas bocas armadas de dentes ameaçadores e ardentes como o fogo devorador do fim do mundo, meu ânimo se conturba e a alegria me abandona. Tem piedade de mim, Senhor dos deuses, coluna do Universo.
26. Os filhos de Dhritarashtra juntamente com os exércitos dos reis e dos heróis, Bhisma, Drona, Suta e Karma, com o escol dos nossos guerreiros.
27. Todos eles somem nas terríveis fauces, nesse abismo eriçado de dentes - ai! quantos vejo de membros dilacerados, suspensos por entre esses dentes pontiagudos!...
28. Quais torrentes, em veloz demanda do mar, assim vejo a flor de nossos heróis a precipitarem-se, irresistíveis, nas fauces hiantes de fogo...
29. Como mariposas enlouquecidas pela luz encontram morte súbita na chama, assim vão esses mundos, sem cessar, ao encontro da destruição...
30. Devorando com teus lábios de fogo, engoles todos os mortais; tua luz pervade os mundos, Senhor, e teus raios aniquilam todos os povos.
31. Quem és tu, nessa forma terrífica?... Curvo-me diante de Ti... De todo o coração anelo por conhecer-Te - mas não compreendo a Tua revelação...
Fala Krishna:
32. Eu sou o tempo eterno, o destruidor dos mundos; eu destruo qualquer gênero humano; de todos os guerreiros que aqui contemplas, não sobreviverá um só.
33. Ergue-te, pois, e reveste-te de coragem! Conquista vitória e glória! O meu poder já derrotou o inimigo - seja teu braço apenas o instrumento do meu poder!
34. Esmaga-os todos. Drona e Bhisma, Jayadratha e Karma e todos os demais guerreiros valentes. Eu já os matei. Não temas! Lança-te à luta - e serás vencedor!
Fala Sanjaya:
35. Depois de ouvir estas palavras, ergueu Arjuna as mãos com reverência ao Senhor dos mundos e, repleto de temor, com os lábios trêmulos, assim falou a Krishna:
Fala Arjuna:
36. Com razão, ó Krishna, exulta o mundo em Tua luz e glória. Fogem espavoridos, os gigantes, e os anões tombam a Teus pés.
37. Só a Ti compete a glória, ó soberano dos mundos; mais alto que Brahman, o criador, és Tu a causa primeira, o Ser Supremo, o Deus dos deuses que habitam o Universo. Tu, o uno, que existes e inexistes, porque trancendes um e outro.
38. Tu és a divindade primordial, o antigo princípio gerador, o supremo receptáculo de todo o cosmo; és aquele que conhece e o objeto do conhecimento, a morada suprema; o Universo está pleno de Ti, ó senhor todo-poderoso.
39. Tu é o Deus do ar, o Deus do fogo, o Deus dos oceanos e o Deus dos mortos; és a Lua, o gerador e o bisavô do mundo. Louvado sejas mil e mil vezes!
40. Adoro-Te diante de Ti, a Tuas costas, e por toda a parte, ó Tu que és o todo! Imenso é Teu poder, infinita Tua força; em Ti se encontram todas as coisas, portanto és o todo.
41. Se considerando-Te como simples amigo fui irreverente dizendo:"Krishna, Yâdava, meu amigo"; se desconheci Tua inefável majestade, seja por inadvertência, seja porque me cegara o afeto;
42. Se Te ofendi algum dia, brincando, estando deitado ou à mesa, a sós ou em companhia de outros, imploro o Teu perdão, Deus imenso e inconcebível.
43. Tu és o pai do mundo animado e inanimado, és digno de veneração e o mais respeitável mestre espiritual. Não há nada que possa igualar-Te, como poderia alguém superar-Te, se nos três mundos é sem par Tua grandeza?
44. Prostrado pois, humildemente a Teus pés, imploro Tua clemência, ó ser digno de louvor. Perdoa-me senhor, como o pai perdoa o filho; o amigo, o amante, sua amada!
45. Meu coração se rejubila ao ver a maravilha até agora oculta a todos os olhares, mas ao mesmo tempo se sobressalta temeroso. Mostra-Te pois, em Tua forma; ouve meus rogos, Senhor dos deuses, sustentáculo dos mundos.
46. Anseio por ver-Te como antes, coroado com a tiara empunhando a maça e o disco. Assume de novo Tua forma de quatro braços, ó Tu que estás dotado de mil braços e formas inumeráveis.
Fala Krishna:
47. Por uma graça especial e em virtude de meu poder místico, revelei-te, Arjuna, minha forma suprema, gloriosa, infinita, universal e primitiva, que até o presente, ninguém além de ti pôde admirar.
48. Nem pelo estudo dos Vedas, nem através de sacrifícios, dádivas, obras piedosas e mortificações acerbas, nenhum mortal, além de ti, pode alcançar semelhante visão, ó príncipe dos kurus.
49. Não tenhas receio, nem te conturbes por essa visão terrível. Afasta o temor, alegra-te e contempla Minha outra forma.
Fala Sanjaya:
50. Dizendo isso, Vâsudeva manifestou-Se novamente em sua forma humana. Mostrando-Se assim em sua forma plácida, o Senhor magnânimo tranqüilizou o aterrado Arjuna.
Fala Arjuna:
51. Ao ver-Te novamente em Tua aprazível forma humana, ó Janârdana, minha razão serena e a calma renasce em meu peito.
Fala Krishna:
52. A forma superior que acabas de admirar, raramente pode ser percebida. Mesmo os deuses anseiam por contemplá-la.
53. Mas ninguém pode ver-Me tal como Me vistes, nem pelo estudo dos Vedas, nem à custa de mortificações, esmolas e oferendas.
54. Somente através de uma dedicação exclusiva a Mim é possível conhecer-Me em essência e entrar em Meu ser, ó terror de teus inimigos.
55. Aquele que se torna instrumento de minhas ações, que faz de Mim a meta suprema de seus anseios e Me serves com devoção, livre de apegos e de inimizade por qualquer criatura vem a Mim, ó filho de Pându.
Fala Arjuna:
1. Meu erro se desvaneceu ao escutar tuas palavras sobre o supremo mistério do Adhyâtma, que para meu bem me revelastes.
2. De Teus lábios aprendi em detalhe a origem e a dissolução dos seres, ó Tu de olhos de lótus, assim como sua eterna grandeza.
Krishna e Arjuna no campo de batalha
3. Gostaria de contemplar tua forma soberana, Senhor supremo, tal como me foi descrita por Ti, ó Puruchottama.
4. Se julgas possível para mim semelhante visão, mostra-Te a meus olhos, senhor da yoga, em Tua totalidade.
Fala Krishna:
5. Contempla, filho de Prithâ, minhas centenas de milhares de formas divinas, todas variadas, de diversas cores e formas.
6. Contempla os adytyas, os vasus, os rudras, os ahvins e os maruts. Admira, filho de Bharata, esta multidão de maravilhas até agora nunca vistas.
7. Contempla hoje aqui o Universo inteiro, animado e inanimado, reunido em Meu corpo, Gudâkesha, e tudo aquilo que desejes ver.
8. Mas não é possível que me vejas com teus olhos. Dou-te, pois, um olho divino. Contempla-Me agora em minha Yoga divina.
Fala Sanjaya:
9. Tendo assim falado, ó Rei, Hari, Senhor da Yoga, mostrou a Pârtha Sua forma suprema de divindade infinita, com rostos voltados para toda parte,
10. que contém em si todas as maravilhas do existente, que multiplica infinitamente todas as esplêndidas manifestações de Seu ser, uma divindade vasta como o Mundo, que vê através de inumeráveis olhos e fala através de inúmeras bocas, brandindo armas refulgentes,
11. gloriosa em seus ornamentos divinos, vestida com um raio celeste de divindade, suave com suas guirlandas de flores divinas, envolta em divinos aromas.
12. Tão luminoso era aquele ser magnânimo como mil sóis que surgissem juntos no firmamento.
13. O Mundo inteiro, múltiplo e no entanto uno era visível no corpo do Deus dos deuses.
14. E então, maravilhado, estupefato e amedrontado Dhananjaya prosternou-se e, juntando as mãos, dirigiu-se à divindade:
Fala Arjuna:
15. Em Teu corpo, ó Deus, contemplo todos os deuses e as inúmeras variedades de seres ao lado de Brahma, sentado em seu trono de lótus, e todos os rishis e serpentes divinas.
16. Vejo braços, ventres, olhos e bocas inúmeros, mas não vejo em Ti, origem, meio ou fim, ó Senhor do Universo, forma universal.
17. Vejo-Te com a fronte cingida pela tiara e armado com a maça e o disco, mas mal posso distinguir-Te pois és por toda parte a meu redor uma massa luminosa de energia, imensurável, resplandescente como o fogo e como o Sol.
18. Tu és o imortal e o mais sublime de todos os seres que se possa conceber, sustentáculo e morada do Universo; perene guardião da lei eterna e causa perpétua de tudo quanto existe.
19. Em Ti não há princípio, meio ou fim; Teu poder é imenso; infinitos são Teus braços; Tens por olhos o Sol e a Lua; Teu rosto é flamejante como o fogo do sacrifício e com Tuas irradiações abrasas este Universo.
20. Apenas Tu preenches o espaço entre o céu e a Terra. Os três mundos estremecem, ó ser magnânimo, ao contemplar Tua forma tremenda e prodigiosa.
21. A Ti acorrem as legiões de deuses; alguns deles cheios de temor Te invocam, juntando as mãos. "Salve!", exclamam em coro as multidões de grandes rishis e siddhas, louvando-Te em cânticos sublimes.
22. Os rudras, adityas, vasus, sâdhyas, vishvas, ashvins, maruts e uchmapas, assim como os músicos celestes, yashkas, asuras e sidhas Te contemplam todos maravilhados.
23. Os mundos se amedrontam como eu, ó Tu de braços poderosos, ao ver Tua forma monstruosa, com tamanha profusão de bocas e olhos, tantos braços pernas e pés, tantos ventres e dentes ameaçadores.
24. Pois ao ver-Te tocando o céu, resplandecendo em diversos matizes, ao contemplar Tuas bocas desmesuradamente abertas e Teus olhos enorme e fulgurantes, minha alma estremece, ó Visnhu, perco a paz e sinto-me desfalecer.
25. Quando vejo tuas bocas armadas de dentes ameaçadores e ardentes como o fogo devorador do fim do mundo, meu ânimo se conturba e a alegria me abandona. Tem piedade de mim, Senhor dos deuses, coluna do Universo.
26. Os filhos de Dhritarashtra juntamente com os exércitos dos reis e dos heróis, Bhisma, Drona, Suta e Karma, com o escol dos nossos guerreiros.
27. Todos eles somem nas terríveis fauces, nesse abismo eriçado de dentes - ai! quantos vejo de membros dilacerados, suspensos por entre esses dentes pontiagudos!...
28. Quais torrentes, em veloz demanda do mar, assim vejo a flor de nossos heróis a precipitarem-se, irresistíveis, nas fauces hiantes de fogo...
29. Como mariposas enlouquecidas pela luz encontram morte súbita na chama, assim vão esses mundos, sem cessar, ao encontro da destruição...
30. Devorando com teus lábios de fogo, engoles todos os mortais; tua luz pervade os mundos, Senhor, e teus raios aniquilam todos os povos.
31. Quem és tu, nessa forma terrífica?... Curvo-me diante de Ti... De todo o coração anelo por conhecer-Te - mas não compreendo a Tua revelação...
Fala Krishna:
32. Eu sou o tempo eterno, o destruidor dos mundos; eu destruo qualquer gênero humano; de todos os guerreiros que aqui contemplas, não sobreviverá um só.
33. Ergue-te, pois, e reveste-te de coragem! Conquista vitória e glória! O meu poder já derrotou o inimigo - seja teu braço apenas o instrumento do meu poder!
34. Esmaga-os todos. Drona e Bhisma, Jayadratha e Karma e todos os demais guerreiros valentes. Eu já os matei. Não temas! Lança-te à luta - e serás vencedor!
Fala Sanjaya:
35. Depois de ouvir estas palavras, ergueu Arjuna as mãos com reverência ao Senhor dos mundos e, repleto de temor, com os lábios trêmulos, assim falou a Krishna:
Fala Arjuna:
36. Com razão, ó Krishna, exulta o mundo em Tua luz e glória. Fogem espavoridos, os gigantes, e os anões tombam a Teus pés.
37. Só a Ti compete a glória, ó soberano dos mundos; mais alto que Brahman, o criador, és Tu a causa primeira, o Ser Supremo, o Deus dos deuses que habitam o Universo. Tu, o uno, que existes e inexistes, porque trancendes um e outro.
38. Tu és a divindade primordial, o antigo princípio gerador, o supremo receptáculo de todo o cosmo; és aquele que conhece e o objeto do conhecimento, a morada suprema; o Universo está pleno de Ti, ó senhor todo-poderoso.
39. Tu é o Deus do ar, o Deus do fogo, o Deus dos oceanos e o Deus dos mortos; és a Lua, o gerador e o bisavô do mundo. Louvado sejas mil e mil vezes!
40. Adoro-Te diante de Ti, a Tuas costas, e por toda a parte, ó Tu que és o todo! Imenso é Teu poder, infinita Tua força; em Ti se encontram todas as coisas, portanto és o todo.
41. Se considerando-Te como simples amigo fui irreverente dizendo:"Krishna, Yâdava, meu amigo"; se desconheci Tua inefável majestade, seja por inadvertência, seja porque me cegara o afeto;
42. Se Te ofendi algum dia, brincando, estando deitado ou à mesa, a sós ou em companhia de outros, imploro o Teu perdão, Deus imenso e inconcebível.
43. Tu és o pai do mundo animado e inanimado, és digno de veneração e o mais respeitável mestre espiritual. Não há nada que possa igualar-Te, como poderia alguém superar-Te, se nos três mundos é sem par Tua grandeza?
44. Prostrado pois, humildemente a Teus pés, imploro Tua clemência, ó ser digno de louvor. Perdoa-me senhor, como o pai perdoa o filho; o amigo, o amante, sua amada!
45. Meu coração se rejubila ao ver a maravilha até agora oculta a todos os olhares, mas ao mesmo tempo se sobressalta temeroso. Mostra-Te pois, em Tua forma; ouve meus rogos, Senhor dos deuses, sustentáculo dos mundos.
46. Anseio por ver-Te como antes, coroado com a tiara empunhando a maça e o disco. Assume de novo Tua forma de quatro braços, ó Tu que estás dotado de mil braços e formas inumeráveis.
Fala Krishna:
47. Por uma graça especial e em virtude de meu poder místico, revelei-te, Arjuna, minha forma suprema, gloriosa, infinita, universal e primitiva, que até o presente, ninguém além de ti pôde admirar.
48. Nem pelo estudo dos Vedas, nem através de sacrifícios, dádivas, obras piedosas e mortificações acerbas, nenhum mortal, além de ti, pode alcançar semelhante visão, ó príncipe dos kurus.
49. Não tenhas receio, nem te conturbes por essa visão terrível. Afasta o temor, alegra-te e contempla Minha outra forma.
Fala Sanjaya:
50. Dizendo isso, Vâsudeva manifestou-Se novamente em sua forma humana. Mostrando-Se assim em sua forma plácida, o Senhor magnânimo tranqüilizou o aterrado Arjuna.
Fala Arjuna:
51. Ao ver-Te novamente em Tua aprazível forma humana, ó Janârdana, minha razão serena e a calma renasce em meu peito.
Fala Krishna:
52. A forma superior que acabas de admirar, raramente pode ser percebida. Mesmo os deuses anseiam por contemplá-la.
53. Mas ninguém pode ver-Me tal como Me vistes, nem pelo estudo dos Vedas, nem à custa de mortificações, esmolas e oferendas.
54. Somente através de uma dedicação exclusiva a Mim é possível conhecer-Me em essência e entrar em Meu ser, ó terror de teus inimigos.
55. Aquele que se torna instrumento de minhas ações, que faz de Mim a meta suprema de seus anseios e Me serves com devoção, livre de apegos e de inimizade por qualquer criatura vem a Mim, ó filho de Pându.
BHAGAVAD-GITA: CANTO X DAS MANIFESTAÇÕES DE DEUS NO UNIVERSO
DAS MANIFESTAÇÕES DE DEUS NO UNIVERSO
Fala Krishna:
1. Meu querido Arjuna, guerreiro de braços fortes, escute mais uma vez Minha palavra suprema. O que vou dizer agora é para seu benefício e dar-lhe-á grande alegria.
2. Nem os deuses nem os grandes rishis conhecem minha origem pois Eu sou o princípio absoluto dos deuses e dos grandes rishis.
Krishna e Arjuna no campo de batalha
3. Aquele que Me conhece como inato e sem origem, senhor soberano do Universo, está livre do erro e do pecado.
4. Entendimento, sabedoria, libertação do erro e da ignorância, paciência, sinceridade, domínio de si mesmo, tranqüilidade de ânimo, prazer e dor, miséria e prosperidade, coragem e medo,
5. mansidão, eqüanimidade, alegria, ascetismo, liberalidade, glória e infâmia: todas essas qualidades dos seres procedem de Mim.
6. Os sete grandes rishis, os quatro kumâras e também os Manus de quem emanam todas as gerações do mundo, participando de Meu ser, nasceram de Minha mente.
7. Quem conhece em essência Minha magnitude e Meu poder místico goza de uma Yoga inalterável. Quanto a isso não há nenhuma dúvida.
8. Eu sou a origem de todo ser, de Mim procede a obra do universo. Sabendo disto, os sábios Me adoram em amorosa contemplação.
9. Com o pensamento fixo em Mim, tendo em Mim concentrada a sua vida, instruindo-se uns aos outros e falando de Mim sem cessar, vivem satisfeitos e felizes.
10. A estes homens que se consagram à união mística e Me servem com amor. Eu lhes inspiro aquela devoção baseada no conhecimento, através da qual chegam a mim.
11. Movido pela compaixão e residindo em sua alma, dissipo neles as trevas nascidas da ignorância, através da luz refulgente da sabedoria.
Fala Arjuna:
12. Tu és o supremo Brahma, a glória suprema, a suprema pureza, o espírito perpétuo e divino, a divindade original, sem princípio, onipresente e o Senhor todo-poderoso.
13. Os sábios mais eminentes, Nárada, Assita, Devala e Vyassadeva, declaram tudo isso a Teu respeito. E agora ouvi de Teus lábios a mesma declaração.
14. Creio firmemente na verdade de Tuas palavras, ó Keshava, porque nem os deuses nem os dânavas Te conhecem, Senhor bendito.
15. Apenas Tu conheces a Ti mesmo, por Ti mesmo, ó Puruchottama, autor de todas as coisas, rei dos seres, deus dos deuses, Senhor do Universo.
16. Apenas Tu podes mostrar-me sem reservas teus divinos atributos, graças aos quais penetras estes mundos.
17. Como poderei eu conhecer-Te, através de meditação contínua. Senhor de poderes misteriosos? Sob que forma especial me será dado considerar-Te, divino Senhor?
18. Fala-me em detalhe de teu poder misterioso e de tuas divinas perfeições, Janârdana, e fala mais e mais, pois tuas palavras são para mim o néctar da imortalidade e por mais que eu Te ouça, nunca me sacio.
Fala Krishna:
19. Assim seja: vou enumerar-te meus atributos divinos, ainda que me limite aos principais, ó melhor dos kurus, pois não há limites para minha grandeza.
20. Eu sou, ó Gudâsheza, o espírito entronizado no coração de todas as criaturas.
21. Entre os adityas sou Vishnu; entre as luzes, o Sol radiante; sou Marîchi entre os maruts; a Lua, entre as estrelas.
22. Entre os Vedas sou Sâma-Veda; Vâsava, entre os deuses; o sentido eterno, entre os sentidos; a inteligência nos seres vivos.
23. Sou Zankara entre os rudras e Vitteza entre os yakshas e râkshasas; Pâvaka entre os vasus e o Meru entre os picos elevados.
24. Sabe, filho de Prithâ, que entre os sacerdotes Eu sou Brihaspati; entre os chefes guerreiros sou Skanda e entre as águas, sou o oceano.
25. Sou Brighu entre os grandes rishis; entre as palavras sou a sílaba OM ( ); entre os sacrifícios sou japa; entre as montanhas, o Himalaia.
26. A figueira sagrada entre as árvores; Nârada entre os rishis divinos; Chitraratha, entre os cantores celestes e o inspirado asceta Kapila entre os siddhas.
27. Sabe que entre os cavalos sou Uchchaizravas, ó tu que nasceste do néctar; sou Airâvata entre os nobres elefantes e entre os homens sou o soberano.
28. Entre as armas Eu sou o raio; Kamadhuk entre os rebanhos; Kandarpa, entre os que têm descendentes e Vâsuki entre as serpentes.
29. Sou Ananta entre os nagas; Varuna entre os habitantes da água; Aryaman entre os antepassados e Yama entre os juízes.
30. Entre os daityas sou o Prahlâda; entre as medidas, o tempo; entre os animais selvagens sou o rei dos animais e entre os seres alados, Vainateya.
31. Entre os agentes purificados sou o vento; sou Râma entre os guerreiros; Makara entre os peixes e Jâhnavi entre os raios.
32. Sou princípio, meio e fim de todas as coisas criadas, Arjuna; entre as ciências sou a ciência do espírito supremo e sou o argumento Vâda entre os que discutem.
33. Sou a vogal A entre as letras; o composto copulativo entre as palavras compostas. Sou o tempo infinito, o mestre ordenador, cujas faces estão em toda parte.
34. Sou a morte que tudo arrebata e o nascimento de tudo que adquire vida. Entre os atributos femininos sou a glória, a beleza, a eloqüência, a memória, a inteligência, a constância e a misericórdia.
35. Sou também o grande hino entre os hinos do Sama-Veda; entre as formas métricas sou Gâyatri; sou Mârgazircha entre os meses, e a primavera entre as estações.
36. No aventureiro sou o espírito de risco; no forte, a força. Sou a resolução, a perseverança e a vitória; a verdade do verdadeiro e a bondade do bem.
37. Entre os descendentes de Vrishni sou Vâsudeva; entre os filhos de Pându sou Dhananjaya; Vyâsa entre os munis e, entre os sábios, o sábio Ushanâ.
38. Sou a soberania dos que reinam, a tática dos que querem triunfar. Sou o silêncio do segredo e a sabedoria dos sábios.
39. Sou o germe de todos os seres, Arjuna. Sem Mim não há coisa alguma, animada ou inanimada que possa existir.
40. Meus atributos divinos não tem fim, ó perseguidor de inimigos. O que acabo de mostrar-te é apenas uma amostra de minha glória infinita.
41. Tudo quanto há de sublime, perfeito e poderoso, entende, Arjuna, que é produto de uma partícula de minha grandeza.
42. Mas que necessidade tens de conhecer todos esses detalhes, Arjuna? Sabe que o Universo se constituiu e se mantém apenas com uma parcela infinitesimal de Mim mesmo.
Fala Krishna:
1. Meu querido Arjuna, guerreiro de braços fortes, escute mais uma vez Minha palavra suprema. O que vou dizer agora é para seu benefício e dar-lhe-á grande alegria.
2. Nem os deuses nem os grandes rishis conhecem minha origem pois Eu sou o princípio absoluto dos deuses e dos grandes rishis.
Krishna e Arjuna no campo de batalha
3. Aquele que Me conhece como inato e sem origem, senhor soberano do Universo, está livre do erro e do pecado.
4. Entendimento, sabedoria, libertação do erro e da ignorância, paciência, sinceridade, domínio de si mesmo, tranqüilidade de ânimo, prazer e dor, miséria e prosperidade, coragem e medo,
5. mansidão, eqüanimidade, alegria, ascetismo, liberalidade, glória e infâmia: todas essas qualidades dos seres procedem de Mim.
6. Os sete grandes rishis, os quatro kumâras e também os Manus de quem emanam todas as gerações do mundo, participando de Meu ser, nasceram de Minha mente.
7. Quem conhece em essência Minha magnitude e Meu poder místico goza de uma Yoga inalterável. Quanto a isso não há nenhuma dúvida.
8. Eu sou a origem de todo ser, de Mim procede a obra do universo. Sabendo disto, os sábios Me adoram em amorosa contemplação.
9. Com o pensamento fixo em Mim, tendo em Mim concentrada a sua vida, instruindo-se uns aos outros e falando de Mim sem cessar, vivem satisfeitos e felizes.
10. A estes homens que se consagram à união mística e Me servem com amor. Eu lhes inspiro aquela devoção baseada no conhecimento, através da qual chegam a mim.
11. Movido pela compaixão e residindo em sua alma, dissipo neles as trevas nascidas da ignorância, através da luz refulgente da sabedoria.
Fala Arjuna:
12. Tu és o supremo Brahma, a glória suprema, a suprema pureza, o espírito perpétuo e divino, a divindade original, sem princípio, onipresente e o Senhor todo-poderoso.
13. Os sábios mais eminentes, Nárada, Assita, Devala e Vyassadeva, declaram tudo isso a Teu respeito. E agora ouvi de Teus lábios a mesma declaração.
14. Creio firmemente na verdade de Tuas palavras, ó Keshava, porque nem os deuses nem os dânavas Te conhecem, Senhor bendito.
15. Apenas Tu conheces a Ti mesmo, por Ti mesmo, ó Puruchottama, autor de todas as coisas, rei dos seres, deus dos deuses, Senhor do Universo.
16. Apenas Tu podes mostrar-me sem reservas teus divinos atributos, graças aos quais penetras estes mundos.
17. Como poderei eu conhecer-Te, através de meditação contínua. Senhor de poderes misteriosos? Sob que forma especial me será dado considerar-Te, divino Senhor?
18. Fala-me em detalhe de teu poder misterioso e de tuas divinas perfeições, Janârdana, e fala mais e mais, pois tuas palavras são para mim o néctar da imortalidade e por mais que eu Te ouça, nunca me sacio.
Fala Krishna:
19. Assim seja: vou enumerar-te meus atributos divinos, ainda que me limite aos principais, ó melhor dos kurus, pois não há limites para minha grandeza.
20. Eu sou, ó Gudâsheza, o espírito entronizado no coração de todas as criaturas.
21. Entre os adityas sou Vishnu; entre as luzes, o Sol radiante; sou Marîchi entre os maruts; a Lua, entre as estrelas.
22. Entre os Vedas sou Sâma-Veda; Vâsava, entre os deuses; o sentido eterno, entre os sentidos; a inteligência nos seres vivos.
23. Sou Zankara entre os rudras e Vitteza entre os yakshas e râkshasas; Pâvaka entre os vasus e o Meru entre os picos elevados.
24. Sabe, filho de Prithâ, que entre os sacerdotes Eu sou Brihaspati; entre os chefes guerreiros sou Skanda e entre as águas, sou o oceano.
25. Sou Brighu entre os grandes rishis; entre as palavras sou a sílaba OM ( ); entre os sacrifícios sou japa; entre as montanhas, o Himalaia.
26. A figueira sagrada entre as árvores; Nârada entre os rishis divinos; Chitraratha, entre os cantores celestes e o inspirado asceta Kapila entre os siddhas.
27. Sabe que entre os cavalos sou Uchchaizravas, ó tu que nasceste do néctar; sou Airâvata entre os nobres elefantes e entre os homens sou o soberano.
28. Entre as armas Eu sou o raio; Kamadhuk entre os rebanhos; Kandarpa, entre os que têm descendentes e Vâsuki entre as serpentes.
29. Sou Ananta entre os nagas; Varuna entre os habitantes da água; Aryaman entre os antepassados e Yama entre os juízes.
30. Entre os daityas sou o Prahlâda; entre as medidas, o tempo; entre os animais selvagens sou o rei dos animais e entre os seres alados, Vainateya.
31. Entre os agentes purificados sou o vento; sou Râma entre os guerreiros; Makara entre os peixes e Jâhnavi entre os raios.
32. Sou princípio, meio e fim de todas as coisas criadas, Arjuna; entre as ciências sou a ciência do espírito supremo e sou o argumento Vâda entre os que discutem.
33. Sou a vogal A entre as letras; o composto copulativo entre as palavras compostas. Sou o tempo infinito, o mestre ordenador, cujas faces estão em toda parte.
34. Sou a morte que tudo arrebata e o nascimento de tudo que adquire vida. Entre os atributos femininos sou a glória, a beleza, a eloqüência, a memória, a inteligência, a constância e a misericórdia.
35. Sou também o grande hino entre os hinos do Sama-Veda; entre as formas métricas sou Gâyatri; sou Mârgazircha entre os meses, e a primavera entre as estações.
36. No aventureiro sou o espírito de risco; no forte, a força. Sou a resolução, a perseverança e a vitória; a verdade do verdadeiro e a bondade do bem.
37. Entre os descendentes de Vrishni sou Vâsudeva; entre os filhos de Pându sou Dhananjaya; Vyâsa entre os munis e, entre os sábios, o sábio Ushanâ.
38. Sou a soberania dos que reinam, a tática dos que querem triunfar. Sou o silêncio do segredo e a sabedoria dos sábios.
39. Sou o germe de todos os seres, Arjuna. Sem Mim não há coisa alguma, animada ou inanimada que possa existir.
40. Meus atributos divinos não tem fim, ó perseguidor de inimigos. O que acabo de mostrar-te é apenas uma amostra de minha glória infinita.
41. Tudo quanto há de sublime, perfeito e poderoso, entende, Arjuna, que é produto de uma partícula de minha grandeza.
42. Mas que necessidade tens de conhecer todos esses detalhes, Arjuna? Sabe que o Universo se constituiu e se mantém apenas com uma parcela infinitesimal de Mim mesmo.
BHAGAVAD-GITA: CANTO IX SANTIFICAÇÃO INTERNA PELO MISTÉRIO SUBLIME
SANTIFICAÇÃO INTERNA PELO MISTÉRIO SUBLIME
Fala Krishna:
1. Vou revelar-te agora, a ti que me ouves com respeito, o maior dos segredos, o conhecimento acompanhado do superconhecimento. Desde que estejas neles instruído, estarás livre do mal.
2. É o conhecimento máximo, o máximo mistério, o purificador supremo, o conhecimento justo e verdadeiro pela percepção clara e imediata, fácil de realizar e inesgotável.
Krishna e Arjuna no campo de batalha
3. Os homens que não tem fé nesta prática piedosa não chegam a Mim, ó perseguidor de teus inimigos; entram novamente nos caminhos deste mundo mortal.
4. Em minha forma invisível, preencho todo este Universo; todos os seres estão em Mim, mas Eu não estou neles.
5. Mas tampouco os seres estão em Mim: este é o mistério do meu poder divino. Sendo sustentáculo de todos os seres e a causa de sua existência, meu espírito não está neles.
6. Da mesma forma que o ar incomensurável, movendo-se por toda parte, permanece sempre no espaço etéreo, todos os seres estão em mim.
7. Quando um kalpa chega a seu fim, filho de Kuntî, todos os seres são absorvidos em minha natureza material, e de Mim emanam outra vez ao principiar um novo kalpa.
8. Com ajuda de Minha natureza material Eu emano, repetidas vezes, toda essa multidão de seres que surgem sem vontade própria, obedecendo ao poder da natureza.
9. No entanto, Dhananjaya, Eu não permaneço ligado por tais atos, pois Me mantenho acima deles, indiferente.
10. Sob meu comando a natureza engendra todos os seres, animados e inanimados; e assim, filho de Kuntî, o mundo cumpre seu ciclo.
11. Os insensatos, desconhecendo minha natureza superior, quando estou revestido por uma forma humana, Me desprezam, a Mim, soberano senhor de todas as criaturas.
12. Privados de entendimento, toda sua ação, seu conhecimento, suas esperanças são vãs; eles participam da natureza râkshasas e asuras.
13. Mas os homens de alma elevada, filho de Prithâ, participando de minha natureza divina e sabendo que Eu sou a fonte eterna e inesgotável de todos os seres, Me adoram com o pensamento fixo em Mim.
14. Glorificando-Me sem cessar, lutando com afinco, firmes em seus votos e prosternando-se diante de Mim. Me adoram com devoção fervorosa e constante.
15. Outros me oferecem o sacrifício do conhecimento e Me adoram em minha unidade e em minha multiplicidade, como presente em toda parte e em diferentes formas.
16. Eu sou a oblação, o sacrifício, a oferenda aos antepassados, a erva bendita, o hino sagrado, a manteiga purificada, o fogo e também a vítima consumida em holocausto.
17. Sou pai, mãe, sustentador, avô deste Universo. Sou o objeto do conhecimento, o purificador, a sílaba OM e também o Rik, o Sâma e o Yajur.
18. Sou meta, sustentáculo, senhor, testemunha, mansão, refúgio, amigo, princípio, fim, fundamento, receptáculo e semente eterna.
19. Eu dou o calor, retenho e envio a chuva, sou a imortalidade e a morte, sou o ser e o não-ser, Arjuna.
20. Os que conhecem os Vedas, os que bebem o soma, limpos de pecados e oferecendo-me sacrifícios imploram a Mim o caminho dos céus. Chegando ao glorioso mundo de Indra participam do banquete celestial dos deuses.
21. Depois de gozar ali as delícias do vasto mundo paradisíaco, esgotados seus méritos, retornam a este mundo mortal. Quem segue a lei dos livros sagrados, alimentando desejos em seu coração, alcança apenas o transitório.
22. Aqueles que, vivendo com a atenção sempre fixa em Mim. Me adoram sem pensar jamais em outro ser, ofereço plena segurança de bem-aventurança perpétua.
23. Mesmo aqueles que adoram outras divindades com fé e devoção ardorosas, Me adoram, ó filho de Kuntî, mas não de acordo com a verdadeira lei.
24. Porque Eu sou o senhor de todos os sacrifícios e aquele que os recebe, mas tais homens não Me conhecem em essência e por isso caem.
25. Aqueles que adoram os deuses vão aos deuses; aqueles que servem os antepassados vão a eles, aqueles que cultuam os espíritos elementares vão aos espíritos elementares, mas aqueles que Me adoram vêm a Mim.
26. Se alguém Me oferece com devoção uma folha, uma flor, um fruto ou apenas água, aceito tal presente de uma alma piedosa e sincera.
27. Assim, pois, filho de Kuntî, qualquer coisa que faças, qualquer alimento que comas, qualquer objeto que ofereças em sacrifício, qualquer esmola que dês, qualquer mortificação a que te submetas, faça-o como uma oferenda a Mim.
28. Desta forma estarás livre das cadeias da ação, sejam seus frutos bons ou maus. Aplicando-te com fervor à Yoga e à renúncia, estarás livre e virás a Mim.
29. Eu sou o mesmo para todos os seres, ninguém Me é querido ou odioso; mas aqueles que Me adoram com devoção estão em Mim e Eu estou neles.
30. Mesmo o homem mais depravado, se Me adora com dedicação exclusiva, deve ser considerado um justo, porque anseia pela verdade.
31. Um homem assim logo se torna virtuoso e se encaminha para a paz eterna. Tem certeza, filho de Kuntî, que quem Me ama, não se perde jamais.
32. Porque aqueles que buscam refúgio em Mim, ó filho de Prithâ, mesmo que tenham sido engendrados no pecado, mulheres, vaishyas e até os shudras chegam ao fim supremo.
33. Com muito mais razão, pois, os santos brâmanes e os piedosos rishis reais! Adora-Me, pois, neste mundo transitório e cheio de amarguras.
34. Fixa teu pensamento em Mim, prostra-te diante de Mim adorando-me e rendendo-Me culto devoto. Assim unido de coração comigo e considerando-Me como meta suprema, virás a Mim.
Fala Krishna:
1. Vou revelar-te agora, a ti que me ouves com respeito, o maior dos segredos, o conhecimento acompanhado do superconhecimento. Desde que estejas neles instruído, estarás livre do mal.
2. É o conhecimento máximo, o máximo mistério, o purificador supremo, o conhecimento justo e verdadeiro pela percepção clara e imediata, fácil de realizar e inesgotável.
Krishna e Arjuna no campo de batalha
3. Os homens que não tem fé nesta prática piedosa não chegam a Mim, ó perseguidor de teus inimigos; entram novamente nos caminhos deste mundo mortal.
4. Em minha forma invisível, preencho todo este Universo; todos os seres estão em Mim, mas Eu não estou neles.
5. Mas tampouco os seres estão em Mim: este é o mistério do meu poder divino. Sendo sustentáculo de todos os seres e a causa de sua existência, meu espírito não está neles.
6. Da mesma forma que o ar incomensurável, movendo-se por toda parte, permanece sempre no espaço etéreo, todos os seres estão em mim.
7. Quando um kalpa chega a seu fim, filho de Kuntî, todos os seres são absorvidos em minha natureza material, e de Mim emanam outra vez ao principiar um novo kalpa.
8. Com ajuda de Minha natureza material Eu emano, repetidas vezes, toda essa multidão de seres que surgem sem vontade própria, obedecendo ao poder da natureza.
9. No entanto, Dhananjaya, Eu não permaneço ligado por tais atos, pois Me mantenho acima deles, indiferente.
10. Sob meu comando a natureza engendra todos os seres, animados e inanimados; e assim, filho de Kuntî, o mundo cumpre seu ciclo.
11. Os insensatos, desconhecendo minha natureza superior, quando estou revestido por uma forma humana, Me desprezam, a Mim, soberano senhor de todas as criaturas.
12. Privados de entendimento, toda sua ação, seu conhecimento, suas esperanças são vãs; eles participam da natureza râkshasas e asuras.
13. Mas os homens de alma elevada, filho de Prithâ, participando de minha natureza divina e sabendo que Eu sou a fonte eterna e inesgotável de todos os seres, Me adoram com o pensamento fixo em Mim.
14. Glorificando-Me sem cessar, lutando com afinco, firmes em seus votos e prosternando-se diante de Mim. Me adoram com devoção fervorosa e constante.
15. Outros me oferecem o sacrifício do conhecimento e Me adoram em minha unidade e em minha multiplicidade, como presente em toda parte e em diferentes formas.
16. Eu sou a oblação, o sacrifício, a oferenda aos antepassados, a erva bendita, o hino sagrado, a manteiga purificada, o fogo e também a vítima consumida em holocausto.
17. Sou pai, mãe, sustentador, avô deste Universo. Sou o objeto do conhecimento, o purificador, a sílaba OM e também o Rik, o Sâma e o Yajur.
18. Sou meta, sustentáculo, senhor, testemunha, mansão, refúgio, amigo, princípio, fim, fundamento, receptáculo e semente eterna.
19. Eu dou o calor, retenho e envio a chuva, sou a imortalidade e a morte, sou o ser e o não-ser, Arjuna.
20. Os que conhecem os Vedas, os que bebem o soma, limpos de pecados e oferecendo-me sacrifícios imploram a Mim o caminho dos céus. Chegando ao glorioso mundo de Indra participam do banquete celestial dos deuses.
21. Depois de gozar ali as delícias do vasto mundo paradisíaco, esgotados seus méritos, retornam a este mundo mortal. Quem segue a lei dos livros sagrados, alimentando desejos em seu coração, alcança apenas o transitório.
22. Aqueles que, vivendo com a atenção sempre fixa em Mim. Me adoram sem pensar jamais em outro ser, ofereço plena segurança de bem-aventurança perpétua.
23. Mesmo aqueles que adoram outras divindades com fé e devoção ardorosas, Me adoram, ó filho de Kuntî, mas não de acordo com a verdadeira lei.
24. Porque Eu sou o senhor de todos os sacrifícios e aquele que os recebe, mas tais homens não Me conhecem em essência e por isso caem.
25. Aqueles que adoram os deuses vão aos deuses; aqueles que servem os antepassados vão a eles, aqueles que cultuam os espíritos elementares vão aos espíritos elementares, mas aqueles que Me adoram vêm a Mim.
26. Se alguém Me oferece com devoção uma folha, uma flor, um fruto ou apenas água, aceito tal presente de uma alma piedosa e sincera.
27. Assim, pois, filho de Kuntî, qualquer coisa que faças, qualquer alimento que comas, qualquer objeto que ofereças em sacrifício, qualquer esmola que dês, qualquer mortificação a que te submetas, faça-o como uma oferenda a Mim.
28. Desta forma estarás livre das cadeias da ação, sejam seus frutos bons ou maus. Aplicando-te com fervor à Yoga e à renúncia, estarás livre e virás a Mim.
29. Eu sou o mesmo para todos os seres, ninguém Me é querido ou odioso; mas aqueles que Me adoram com devoção estão em Mim e Eu estou neles.
30. Mesmo o homem mais depravado, se Me adora com dedicação exclusiva, deve ser considerado um justo, porque anseia pela verdade.
31. Um homem assim logo se torna virtuoso e se encaminha para a paz eterna. Tem certeza, filho de Kuntî, que quem Me ama, não se perde jamais.
32. Porque aqueles que buscam refúgio em Mim, ó filho de Prithâ, mesmo que tenham sido engendrados no pecado, mulheres, vaishyas e até os shudras chegam ao fim supremo.
33. Com muito mais razão, pois, os santos brâmanes e os piedosos rishis reais! Adora-Me, pois, neste mundo transitório e cheio de amarguras.
34. Fixa teu pensamento em Mim, prostra-te diante de Mim adorando-me e rendendo-Me culto devoto. Assim unido de coração comigo e considerando-Me como meta suprema, virás a Mim.
BHAGAVAD-GITA: CANTO VIII INTEGRAÇÃO NA SUPREMA DIVINDADE
INTEGRAÇÃO NA SUPREMA DIVINDADE
Fala Arjuna:
1. O que é esse Brahma, o que é o espírito supremo, o que é a ação, ó Puruchottama? A que se dá o nome de ser supremo, suprema divindade?
2. Que é supremo sacrifício, como está aqui no corpo, ó Madhusûdana? Dize-me, enfim, como podem conhecer-Te na hora da morte aqueles que se dominam a si mesmos?
Krishna e Arjuna no campo de batalha
Fala Krishna:
3. Brahma é o Imperecível e o Supremo; sua natureza essencial é denominada espírito supremo; e a emanação que dá origem a todos os seres chama-se ação.
4. Ser supremo é minha natureza perecível; suprema divindade é o princípio criador masculino e Eu mesmo, encarnado neste corpo, sou o supremo sacrifício, ó tu o melhor dos mortais.
5. Aquele que nos últimos instantes de sua vida pensa unicamente em Mim, ao desembaraçar-se de seu corpo entra em Meus ser.
6. Mas quem abandona seu corpo pensando em algum (outro) ser, a ele se encaminha, filho de Kuntî; pois absorto sempre em tal pensamento, amoldou-se a esse ser.
7. Por isso pensa sempre em Mim e luta. Tendo o coração e o entendimento sempre voltados para Mim, virás a Mim sem dúvida.
8. O homem que com assiduidade medita no espírito supremo, e mantém sem cessar a mente aplicada à Yoga, sem voltar-se para nenhum outro ser, dirige-se a Ele.
9. O Eu supremo é o onisciente, o eterno, o governador soberano, mais sutil que o sutil, sustém o Universo. Sua forma é inconcebível, é fulgurante como o Sol que brilha sobre as trevas.
10. Aquele que medita no eterno, no momento de sua morte, com a mente imóvel, fortalecida pela Yoga e com o alento vital (prana) concentrado entre as sobrancelhas, dirige-se ao divino espírito supremo.
11. Vou revelar-te em breves palavras a mansão que os conhecedores dos Vedas chamam de indestrutível, em que entram aqueles que venceram a si mesmos e estão livres de paixões.
12. Fechadas todas as portas dos sentidos, a mente concentrada no coração, retendo na cabeça o alento vital, concentrado na Yoga,
13. pronunciando o monossílabo sagrado OM, e concentrado em Mim, quem deixa o Mundo desta forma, ao abandonar seu corpo encaminha-se à meta suprema.
14. Fácil é atingir a suprema perfeição quando o homem anda na minha presença, constantemente consciente de Mim, em todos os caminhos de sua vida e alheio a outros deuses.
15. Essas grandes almas, conscientes da sua união comigo, não tornarão a nascer para esta vida perecível de sofrimentos, mas vêm a mim, a eterna Beatitude.
16. Esses mundos todos, ó Arjuna, desde o mundo de Brahma, estão sujeitos a um retorno ao nascimento; mas o homem que chegou a Mim nunca mais será exposto ao renascimento, ó filho de Kuntî.
17. Aqueles que sabem que o dia de Brahma tem a duração de mil idades e que a noite dura outras mil, são os que conhecem o dia e a noite.
18. Com a vinda do dia, o universo do manifesto surge do imanifesto, e ao chegar a noite, tudo se desvanece no imanifesto.
19. Toda essa multidão de seres, vindos repetidamente à existência, desaparece ao chegar a noite, filho de Prithâ e surge novamente, sem vontade própria, quando vem o dia.
20. Mas, acima deste imanifesto, há na verdade outro ser imanifesto que é eterno e não perece quando perece todo o existente.
21. Aquele que é dito imanifesto é imperecível, é a meta suprema; quem chega a alcançá-la, jamais retorna. Esta é a minha morada.
22. Por uma devoção exclusiva a Ele, filho de Prithâ, pode-se chegar a este espírito supremo, que contém todos os seres e que preenche todo o Universo.
23. Vou revelar-te agora o momento em que os yogues partem para não mais voltar e também o momento em que partem para retornar.
24. Fogo, luz, dia, quinzena em que cresce a Lua e os seis meses em que o Sol segue sua rota no norte: este é o tempo em que os homens que morrem conhecendo Brahma, se dirigem a Brahma.
25. Fumaça, noite, a quinzena em que a Lua míngüa e os seis meses em que o Sol está no sul, então o yogue alcança somente a luz lunar para nascer de novo entre os mortais.
26. Luz e trevas: eis aqui dois eternos caminhos deste mundo. Por um seguem aqueles que partem para não mais voltar e por outro, aqueles que devem retornar.
27. Conhecendo estes dois caminhos, filho de Prithâ, o yogue não se engana. Procura, pois, Arjuna, aplicar-te constantemente à Yoga.
28. Por maior que seja a justa recompensa prometida pelos Vedas aos sacrifícios, austeridades e atos de caridade, o yogue a supera em virtude de tal conhecimento, pois se encaminha à morada suprema e original.
Fala Arjuna:
1. O que é esse Brahma, o que é o espírito supremo, o que é a ação, ó Puruchottama? A que se dá o nome de ser supremo, suprema divindade?
2. Que é supremo sacrifício, como está aqui no corpo, ó Madhusûdana? Dize-me, enfim, como podem conhecer-Te na hora da morte aqueles que se dominam a si mesmos?
Krishna e Arjuna no campo de batalha
Fala Krishna:
3. Brahma é o Imperecível e o Supremo; sua natureza essencial é denominada espírito supremo; e a emanação que dá origem a todos os seres chama-se ação.
4. Ser supremo é minha natureza perecível; suprema divindade é o princípio criador masculino e Eu mesmo, encarnado neste corpo, sou o supremo sacrifício, ó tu o melhor dos mortais.
5. Aquele que nos últimos instantes de sua vida pensa unicamente em Mim, ao desembaraçar-se de seu corpo entra em Meus ser.
6. Mas quem abandona seu corpo pensando em algum (outro) ser, a ele se encaminha, filho de Kuntî; pois absorto sempre em tal pensamento, amoldou-se a esse ser.
7. Por isso pensa sempre em Mim e luta. Tendo o coração e o entendimento sempre voltados para Mim, virás a Mim sem dúvida.
8. O homem que com assiduidade medita no espírito supremo, e mantém sem cessar a mente aplicada à Yoga, sem voltar-se para nenhum outro ser, dirige-se a Ele.
9. O Eu supremo é o onisciente, o eterno, o governador soberano, mais sutil que o sutil, sustém o Universo. Sua forma é inconcebível, é fulgurante como o Sol que brilha sobre as trevas.
10. Aquele que medita no eterno, no momento de sua morte, com a mente imóvel, fortalecida pela Yoga e com o alento vital (prana) concentrado entre as sobrancelhas, dirige-se ao divino espírito supremo.
11. Vou revelar-te em breves palavras a mansão que os conhecedores dos Vedas chamam de indestrutível, em que entram aqueles que venceram a si mesmos e estão livres de paixões.
12. Fechadas todas as portas dos sentidos, a mente concentrada no coração, retendo na cabeça o alento vital, concentrado na Yoga,
13. pronunciando o monossílabo sagrado OM, e concentrado em Mim, quem deixa o Mundo desta forma, ao abandonar seu corpo encaminha-se à meta suprema.
14. Fácil é atingir a suprema perfeição quando o homem anda na minha presença, constantemente consciente de Mim, em todos os caminhos de sua vida e alheio a outros deuses.
15. Essas grandes almas, conscientes da sua união comigo, não tornarão a nascer para esta vida perecível de sofrimentos, mas vêm a mim, a eterna Beatitude.
16. Esses mundos todos, ó Arjuna, desde o mundo de Brahma, estão sujeitos a um retorno ao nascimento; mas o homem que chegou a Mim nunca mais será exposto ao renascimento, ó filho de Kuntî.
17. Aqueles que sabem que o dia de Brahma tem a duração de mil idades e que a noite dura outras mil, são os que conhecem o dia e a noite.
18. Com a vinda do dia, o universo do manifesto surge do imanifesto, e ao chegar a noite, tudo se desvanece no imanifesto.
19. Toda essa multidão de seres, vindos repetidamente à existência, desaparece ao chegar a noite, filho de Prithâ e surge novamente, sem vontade própria, quando vem o dia.
20. Mas, acima deste imanifesto, há na verdade outro ser imanifesto que é eterno e não perece quando perece todo o existente.
21. Aquele que é dito imanifesto é imperecível, é a meta suprema; quem chega a alcançá-la, jamais retorna. Esta é a minha morada.
22. Por uma devoção exclusiva a Ele, filho de Prithâ, pode-se chegar a este espírito supremo, que contém todos os seres e que preenche todo o Universo.
23. Vou revelar-te agora o momento em que os yogues partem para não mais voltar e também o momento em que partem para retornar.
24. Fogo, luz, dia, quinzena em que cresce a Lua e os seis meses em que o Sol segue sua rota no norte: este é o tempo em que os homens que morrem conhecendo Brahma, se dirigem a Brahma.
25. Fumaça, noite, a quinzena em que a Lua míngüa e os seis meses em que o Sol está no sul, então o yogue alcança somente a luz lunar para nascer de novo entre os mortais.
26. Luz e trevas: eis aqui dois eternos caminhos deste mundo. Por um seguem aqueles que partem para não mais voltar e por outro, aqueles que devem retornar.
27. Conhecendo estes dois caminhos, filho de Prithâ, o yogue não se engana. Procura, pois, Arjuna, aplicar-te constantemente à Yoga.
28. Por maior que seja a justa recompensa prometida pelos Vedas aos sacrifícios, austeridades e atos de caridade, o yogue a supera em virtude de tal conhecimento, pois se encaminha à morada suprema e original.
BHAGAVAD-GITA: CANTO VII SABEDORIA DA VISÃO ESPIRITUAL
SABEDORIA DA VISÃO ESPIRITUAL
Fala Krishna:
1. Escuta agora, filho de Pritha, como, mantendo o pensamento amorosamente voltado para Mim, aplicando-te à Yoga e fazendo de Mim teu refúgio, chegarás sem dúvida a conhecer-me por completo.
2. Vou revelar-te sem reservas este conhecimento e o superconhecimento. Desde que os adquira, nada resta por aprender neste mundo.
Krishna e Arjuna no campo de batalha
3. Entre milhares de mortais, poucos se esforçam para atingir a perfeição, e entre os que conseguem atingi-la poucos são os que Me conhecem em essência.
4. Terra, água, fogo, ar, éter, pensamento, intelecto e consciência pessoal são os oito componentes que integram a Minha natureza material.
5. Esta é Minha natureza inferior. Conhece agora, ó tu de braço poderoso, Minha outra natureza, a superior, o elemento vital que mantém o Universo.
6. Sabe que esta (Minha dupla natureza) é a fecunda matriz de todos os seres. Sou o princípio do Mundo e Sou também seu fim.
7. Não há absolutamente nada superior a Mim, Dhananjaya. Todo Universo está preso a mim, como as pérolas de um colar estão presas ao fio que as mantém unidas.
8. Eu sou, filho de Kunti, o sabor da água, a luz do Sol e da Lua, das palavras sagradas Eu sou o pranava OM (=OM). O som no éter e a virilidade nos homens.
9. Sou puro perfume na terra, o brilho do fogo, a vida dos vivos, a santidade dos santos.
10. Sabe, filho de Pritha, que Sou a semente de toda a manifestação, sou a sabedoria dos sábios e o poder dos poderosos.
11. Sou a força dos fortes, livre de apego; Eu Sou o puro amor dos amantes, ó príncipe dos bharatas.
12. Entende que de Mim procedem todas as coisas - consciência, energia e matéria; Eu não estou nelas mas elas estão em Mim.
13. Iludido pelos três atributos da natureza (satwa, rajas e tamas), que se revelam em todas as coisas, não sabe que Eu estou acima delas e sou imperecível e imutável.
14. Difícil, ó príncipe, é romper o véu de ilusão que cerca a manifestação. Somente aquele que se aproximam de Mim superam a ilusão.
15. Os maus e os insensatos não Me procuram; seu entendimento foi arrebatado pela ilusão e eles participam da natureza demoníaca.
16. Quatro espécies de homens Me adoram, Arjuna: os aflitos, os que buscam a sabedoria, os que desejam riquezas e os sábios, ó príncipe dos bharatas.
17. Entre eles, o sábio, sempre consagrado à união mística e adorando o Uno, excede todos os demais; pois o sábio Me ama acima de todas as coisas e Eu o amo da mesma forma.
18. Todos eles são nobres, mas considero o sábio como a Mim mesmo, pois consagrado à união espiritual ele vem a Mim, meta suprema.
19. Ao fim de numerosos nascimentos, o homem dotado de sabedoria chega a Mim pensando: Vasudeva é o Todo. "Um homem com tão grande alma é difícil de encontrar".
20. Aqueles, cujo desejo foi arrebatado por um desejo qualquer, procuram outras divindades, adotando tal ou qual forma de culto, de acordo com a sua própria natureza.
21. Qualquer que seja a forma de divindade a que um devoto pretenda render culto com verdadeira fé, sou Eu realmente quem inspira essa fé inquebrantável.
22. Cheio dessa fé. o devoto procura agradar tal divindade, servindo-a com esmero e dela consegue a satisfação dos seus desejos. Mas sou Eu que lhe ofereço tais bens.
23. No entanto, a recompensa obtida por esses homens de pequeno entendimento é limitada. Quem adora os deuses vai aos deuses; quem Me adora vem a Mim.
24. Os ignorantes, desconhecendo minha natureza de ser supremo e imperecível, pensam que Eu, imanifesto como sou, tenho uma forma visível e manifesta.
25. Oculto por Meu poder criador de ilusão, não me manifesto a todos, e por isso o mundo, vítima do engano, Me desconhece. Eu que não estou sujeito ao nascimento nem à morte.
26. Eu conheço todos os seres, passados, presentes e futuros, Arjuna, mas nenhum deles Me conhece.
27. Pela ilusão dos "pares contrários", originada da atração e repulsão, ó descendente de Bharata, toda criatura, ao nascer, é conduzida ao engano, ó terror de teus inimigos.
28. Mas aqueles homens de atos virtuosos, cujos pecados chegaram ao fim, libertam-se da ilusão dos pares contrários e Me adoram com vontade perseverante.
29. Aqueles que se refugiam em Mim, esforçando-se para livra-se da velhice e da morte, conhecem Brahma, o espírito supremo e a ação em sua integridade.
30. E aqueles que, com o pensamento concentrado, Me conhecem como ser supremo, suprema divindade e supremo sacrifício, também Me conhecem verdadeiramente na hora da morte.
Fala Krishna:
1. Escuta agora, filho de Pritha, como, mantendo o pensamento amorosamente voltado para Mim, aplicando-te à Yoga e fazendo de Mim teu refúgio, chegarás sem dúvida a conhecer-me por completo.
2. Vou revelar-te sem reservas este conhecimento e o superconhecimento. Desde que os adquira, nada resta por aprender neste mundo.
Krishna e Arjuna no campo de batalha
3. Entre milhares de mortais, poucos se esforçam para atingir a perfeição, e entre os que conseguem atingi-la poucos são os que Me conhecem em essência.
4. Terra, água, fogo, ar, éter, pensamento, intelecto e consciência pessoal são os oito componentes que integram a Minha natureza material.
5. Esta é Minha natureza inferior. Conhece agora, ó tu de braço poderoso, Minha outra natureza, a superior, o elemento vital que mantém o Universo.
6. Sabe que esta (Minha dupla natureza) é a fecunda matriz de todos os seres. Sou o princípio do Mundo e Sou também seu fim.
7. Não há absolutamente nada superior a Mim, Dhananjaya. Todo Universo está preso a mim, como as pérolas de um colar estão presas ao fio que as mantém unidas.
8. Eu sou, filho de Kunti, o sabor da água, a luz do Sol e da Lua, das palavras sagradas Eu sou o pranava OM (=OM). O som no éter e a virilidade nos homens.
9. Sou puro perfume na terra, o brilho do fogo, a vida dos vivos, a santidade dos santos.
10. Sabe, filho de Pritha, que Sou a semente de toda a manifestação, sou a sabedoria dos sábios e o poder dos poderosos.
11. Sou a força dos fortes, livre de apego; Eu Sou o puro amor dos amantes, ó príncipe dos bharatas.
12. Entende que de Mim procedem todas as coisas - consciência, energia e matéria; Eu não estou nelas mas elas estão em Mim.
13. Iludido pelos três atributos da natureza (satwa, rajas e tamas), que se revelam em todas as coisas, não sabe que Eu estou acima delas e sou imperecível e imutável.
14. Difícil, ó príncipe, é romper o véu de ilusão que cerca a manifestação. Somente aquele que se aproximam de Mim superam a ilusão.
15. Os maus e os insensatos não Me procuram; seu entendimento foi arrebatado pela ilusão e eles participam da natureza demoníaca.
16. Quatro espécies de homens Me adoram, Arjuna: os aflitos, os que buscam a sabedoria, os que desejam riquezas e os sábios, ó príncipe dos bharatas.
17. Entre eles, o sábio, sempre consagrado à união mística e adorando o Uno, excede todos os demais; pois o sábio Me ama acima de todas as coisas e Eu o amo da mesma forma.
18. Todos eles são nobres, mas considero o sábio como a Mim mesmo, pois consagrado à união espiritual ele vem a Mim, meta suprema.
19. Ao fim de numerosos nascimentos, o homem dotado de sabedoria chega a Mim pensando: Vasudeva é o Todo. "Um homem com tão grande alma é difícil de encontrar".
20. Aqueles, cujo desejo foi arrebatado por um desejo qualquer, procuram outras divindades, adotando tal ou qual forma de culto, de acordo com a sua própria natureza.
21. Qualquer que seja a forma de divindade a que um devoto pretenda render culto com verdadeira fé, sou Eu realmente quem inspira essa fé inquebrantável.
22. Cheio dessa fé. o devoto procura agradar tal divindade, servindo-a com esmero e dela consegue a satisfação dos seus desejos. Mas sou Eu que lhe ofereço tais bens.
23. No entanto, a recompensa obtida por esses homens de pequeno entendimento é limitada. Quem adora os deuses vai aos deuses; quem Me adora vem a Mim.
24. Os ignorantes, desconhecendo minha natureza de ser supremo e imperecível, pensam que Eu, imanifesto como sou, tenho uma forma visível e manifesta.
25. Oculto por Meu poder criador de ilusão, não me manifesto a todos, e por isso o mundo, vítima do engano, Me desconhece. Eu que não estou sujeito ao nascimento nem à morte.
26. Eu conheço todos os seres, passados, presentes e futuros, Arjuna, mas nenhum deles Me conhece.
27. Pela ilusão dos "pares contrários", originada da atração e repulsão, ó descendente de Bharata, toda criatura, ao nascer, é conduzida ao engano, ó terror de teus inimigos.
28. Mas aqueles homens de atos virtuosos, cujos pecados chegaram ao fim, libertam-se da ilusão dos pares contrários e Me adoram com vontade perseverante.
29. Aqueles que se refugiam em Mim, esforçando-se para livra-se da velhice e da morte, conhecem Brahma, o espírito supremo e a ação em sua integridade.
30. E aqueles que, com o pensamento concentrado, Me conhecem como ser supremo, suprema divindade e supremo sacrifício, também Me conhecem verdadeiramente na hora da morte.
BHAGAVAD-GITA: CANTO VI EXERCÍCIO DE MEDITAÇÃO
EXERCÍCIO DE MEDITAÇÃO
Fala Krishna:
1. Aquele que executa um ato obrigatório sem esperar por seu fruto é o renunciador e ao mesmo tempo o yogue e não aquele que simplesmente descuida do fogo sagrado e deixa de praticar obras piedosas.
2. Sabe, filho de Pandu, que o que chamam de renúncia é Yoga, pois ninguém pode chegar a ser yogue sem antes ter renunciado a todas as intenções.
3. Para o asceta que deseja alcançar a Yoga, a ação é o meio, enquanto que para aquele que já a alcançou, o meio é o repouso.
Krishna e Arjuna no campo de batalha
4. Quando o homem renuncia a todas as intenções e não tem nenhum apego aos objetos sensíveis nem às suas obras, diz-se que atingiu a Yoga.
5. Procure o homem elevar o eu através do Eu, não permitindo que este afunde. Porque, na verdade, o Eu é amigo do eu, que mesmo assim é seu inimigo.
6. O eu é um amigo para o homem cujo eu foi conquistado pelo Eu; mas para aquele que não está de posse de seu Eu, o eu é como um inimigo...
7. O Eu supremo daquele que vive tranqüilo e submetido a seu Eu mantém-se inalterável em meio ao calor e ao frio, alegrias e pesares, honra e desonra.
8. O yogue satisfeito com o conhecimento de si, tranqüilo, que realizou seu próprio equilíbrio, senhor de seus sentidos, que vê da mesma forma o barro, a pedra e o ouro é considerado o verdadeiro místico.
9. Superior é aquele que mantém a igualdade de sua alma diante de amigos e inimigos, indiferentes e neutros, estranhos e parentes, homens bons e maus.
10. Trate o yogue de aplicar-se com afinco ao recolhimento espiritual, vivendo isolado em solitário retiro, com o pensamento e o corpo subjugados, livre de anseios, esperanças e possessividade.
11. Em um lugar puro prepare um assento para si, nem muito alto nem muito baixo, preparado com Kuza (uma planta indiana), uma pele e uma tela.
12. Então com a mente concentrada num único ponto, reprimindo a ação do pensamento e dos sentidos pratique a Yoga para purificar sua alma.
13. Mantendo-se firme, com o corpo, o pescoço e a cabeça eretos e imóveis, olhando fixamente para a ponta de seu nariz, sem desviar os olhos,
14. com ânimo sereno e livre de temor, a mente disciplinada, perseverando no voto de brahmachâri (celibato), permaneça recolhido e medite só em Mim, considerando-Me como o Supremo.
15. Vivendo assim continuamente concentrado em si mesmo, com o pensamento coibido, o yogue obtém a paz suprema do nirvana, que está em Mim.
16. A Yoga não é para quem come em excesso ou jejua com exagero, Arjuna; nem tampouco para quem dorme demais ou se entrega a prolongadas vigílias.
17. A Yoga, bálsamo de todo sofrimento e dor, só a atinge aquele que é sóbrio em alimentar-se e divertir-se, regrado em todos os seus atos e moderado no sono e na vigília.
18. Quando o homem mantém o pensamento disciplinado fixo no Eu e se mostra indiferente a tudo que é apetecível, diz-se que goza de união espiritual.
19. O yogue que tem a mente dominada e, recolhido em si mesmo pratica a yoga, é como uma chama luminosa que, ao abrigo do vento, não sofre nenhuma oscilação.
20. Quando sua mente, disciplinada pelo exercício da Yoga, está tranqüila; quando, percebendo o eu através do Eu, encontra satisfação em si mesmo;
21. quando saboreia o infinito deleite que está fora do alcance dos sentidos e só pode ser desfrutado pela inteligência e não se afasta nunca mais da realidade;
22. e quando, depois de ter alcançado esse estágio, julga que não há tesouro mais valioso e se firma nessa situação, nem mesmo a dor mais intensa pode abalá-lo.
23. Esta ruptura de toda relação com a dor é chamada Yoga. Esta Yoga deve ser praticada com ânimo constante e sem desalento.
24. Depois de abandonar sem exceção todos os anseios e desígnios engendrados pela fantasia e de reprimir com o poder da mente todos os sentidos e órgãos de ação, quaisquer que sejam os objetos a que se dirijam,
25. deve o yogue chegar ao repouso através de uma vontade tenaz; e uma vez concentrada a mente no Eu, não deve pensar em coisa alguma.
26. Sempre que a mente inquieta e volúvel se desvie, trate de refreá-la, subordinando-a logo ao domínio do Eu.
27. Porque a suprema beatitude está reservada ao yogue cuja mente está tranqüila, dominada a natureza passional, limpo de pecado, participando da essência de Brahma.
28. Assim, consagrando-se sem cessar à união mística e estando puro de pecado, o yogue obtém sem dificuldade o infinito deleite da comunhão com Brahma.
29. Quem se aplica de coração à Yoga, vê o espírito em todos os seres e todos os seres no espírito, pois por toda parte percebe a identidade.
30. Aquele que Me vê em todas as coisas, nunca será abandonado por Mim, nem Me abandonará jamais.
31. O yogue que, estabelecido na unidade, adora Meu ser que habita todas as criaturas, vive em Mim, qualquer que seja sua condição de vida.
32. Aquele que, através da identidade do Eu, vê o mesmo em toda parte, no prazer e na dor, Arjuna, é o yogue perfeito.
Fala Arjuna:
33. Sendo a mente inquieta e volúvel, ó Madhusudana, não compreendo a estabilidade dessa Yoga que, como me declarastes, baseia-se no equilíbrio mental.
34. Porque na verdade a mente é leviana, ó Krishna; é turbulenta, imperiosa e obstinada. A meu ver é tão difícil de dominar como o vento.
Fala Krishna:
35. Sem dúvida, ó tu de braço poderoso, a mente é movediça e difícil de subjugar. Contudo, filho de Kunti, pode ser dominada através de esforços contínuos e da indiferença.
36. Para aquele que não conseguiu vencer-se a si mesmo, é difícil de alcançar a Yoga, mas aquele que é dono de si mesmo e luta com afinco pode alcançá-la, valendo-se dos meios adequados.
Fala Arjuna:
37. Que destino aguarda, ó Krishna, aquele que está cheio de fé, mas demonstra fraqueza, cuja mente divaga e não consegue perfeição na Yoga?
38. Privado de um e de outro, vacilante e confuso no caminho de Brahma, não se perde como a nuvem desgarrada que desaparece no espaço?
39. Eu te peço Krishna, apague por completo essa dúvida em meu espírito, pois ninguém além de Ti pode dissipá-la.
Fala Krishna:
40. Nem neste mundo nem no outro, um homem como esse encontra a perdição, ó Pârtha, pois aquele que age com retidão, meu filho, jamais toma o caminho do mal.
41. Depois de atingir a região dos justos e ali permanecer anos sem conta, aquele que não progrediu na Yoga renasce num lugar puro e feliz;
42. ou nasce em uma família de sábios yogues. No entanto é difícil obter tal nascimento neste mundo.
43. Recobrando então a mesma disposição de ânimo, adquirida em seu corpo anterior, luta com maior empenho para obter a perfeição, filho de Kuru,
44. pois é irresistivelmente impelido a isso por sua prática anterior. Apenas pelo desejo de conhecer a Yoga, torna-se superior à palavra divina.
45. Mas o yogue que se esforça sem descanso e, purificado de toda a culpa, atingiu a perfeição através de vários nascimentos, alcança a meta suprema.
46. O yogue é superior aos ascetas, superior aos sábios e também superior aos homens de ação. Assim sendo, Arjuna, torna-te yogue.
47. Mas entre todos os yogues, aquele que, cheio de fé, abandonando a Mim todo o seu ser interior, Me rende adoração, é considerado por Mim como o maior dos místicos.
Fala Krishna:
1. Aquele que executa um ato obrigatório sem esperar por seu fruto é o renunciador e ao mesmo tempo o yogue e não aquele que simplesmente descuida do fogo sagrado e deixa de praticar obras piedosas.
2. Sabe, filho de Pandu, que o que chamam de renúncia é Yoga, pois ninguém pode chegar a ser yogue sem antes ter renunciado a todas as intenções.
3. Para o asceta que deseja alcançar a Yoga, a ação é o meio, enquanto que para aquele que já a alcançou, o meio é o repouso.
Krishna e Arjuna no campo de batalha
4. Quando o homem renuncia a todas as intenções e não tem nenhum apego aos objetos sensíveis nem às suas obras, diz-se que atingiu a Yoga.
5. Procure o homem elevar o eu através do Eu, não permitindo que este afunde. Porque, na verdade, o Eu é amigo do eu, que mesmo assim é seu inimigo.
6. O eu é um amigo para o homem cujo eu foi conquistado pelo Eu; mas para aquele que não está de posse de seu Eu, o eu é como um inimigo...
7. O Eu supremo daquele que vive tranqüilo e submetido a seu Eu mantém-se inalterável em meio ao calor e ao frio, alegrias e pesares, honra e desonra.
8. O yogue satisfeito com o conhecimento de si, tranqüilo, que realizou seu próprio equilíbrio, senhor de seus sentidos, que vê da mesma forma o barro, a pedra e o ouro é considerado o verdadeiro místico.
9. Superior é aquele que mantém a igualdade de sua alma diante de amigos e inimigos, indiferentes e neutros, estranhos e parentes, homens bons e maus.
10. Trate o yogue de aplicar-se com afinco ao recolhimento espiritual, vivendo isolado em solitário retiro, com o pensamento e o corpo subjugados, livre de anseios, esperanças e possessividade.
11. Em um lugar puro prepare um assento para si, nem muito alto nem muito baixo, preparado com Kuza (uma planta indiana), uma pele e uma tela.
12. Então com a mente concentrada num único ponto, reprimindo a ação do pensamento e dos sentidos pratique a Yoga para purificar sua alma.
13. Mantendo-se firme, com o corpo, o pescoço e a cabeça eretos e imóveis, olhando fixamente para a ponta de seu nariz, sem desviar os olhos,
14. com ânimo sereno e livre de temor, a mente disciplinada, perseverando no voto de brahmachâri (celibato), permaneça recolhido e medite só em Mim, considerando-Me como o Supremo.
15. Vivendo assim continuamente concentrado em si mesmo, com o pensamento coibido, o yogue obtém a paz suprema do nirvana, que está em Mim.
16. A Yoga não é para quem come em excesso ou jejua com exagero, Arjuna; nem tampouco para quem dorme demais ou se entrega a prolongadas vigílias.
17. A Yoga, bálsamo de todo sofrimento e dor, só a atinge aquele que é sóbrio em alimentar-se e divertir-se, regrado em todos os seus atos e moderado no sono e na vigília.
18. Quando o homem mantém o pensamento disciplinado fixo no Eu e se mostra indiferente a tudo que é apetecível, diz-se que goza de união espiritual.
19. O yogue que tem a mente dominada e, recolhido em si mesmo pratica a yoga, é como uma chama luminosa que, ao abrigo do vento, não sofre nenhuma oscilação.
20. Quando sua mente, disciplinada pelo exercício da Yoga, está tranqüila; quando, percebendo o eu através do Eu, encontra satisfação em si mesmo;
21. quando saboreia o infinito deleite que está fora do alcance dos sentidos e só pode ser desfrutado pela inteligência e não se afasta nunca mais da realidade;
22. e quando, depois de ter alcançado esse estágio, julga que não há tesouro mais valioso e se firma nessa situação, nem mesmo a dor mais intensa pode abalá-lo.
23. Esta ruptura de toda relação com a dor é chamada Yoga. Esta Yoga deve ser praticada com ânimo constante e sem desalento.
24. Depois de abandonar sem exceção todos os anseios e desígnios engendrados pela fantasia e de reprimir com o poder da mente todos os sentidos e órgãos de ação, quaisquer que sejam os objetos a que se dirijam,
25. deve o yogue chegar ao repouso através de uma vontade tenaz; e uma vez concentrada a mente no Eu, não deve pensar em coisa alguma.
26. Sempre que a mente inquieta e volúvel se desvie, trate de refreá-la, subordinando-a logo ao domínio do Eu.
27. Porque a suprema beatitude está reservada ao yogue cuja mente está tranqüila, dominada a natureza passional, limpo de pecado, participando da essência de Brahma.
28. Assim, consagrando-se sem cessar à união mística e estando puro de pecado, o yogue obtém sem dificuldade o infinito deleite da comunhão com Brahma.
29. Quem se aplica de coração à Yoga, vê o espírito em todos os seres e todos os seres no espírito, pois por toda parte percebe a identidade.
30. Aquele que Me vê em todas as coisas, nunca será abandonado por Mim, nem Me abandonará jamais.
31. O yogue que, estabelecido na unidade, adora Meu ser que habita todas as criaturas, vive em Mim, qualquer que seja sua condição de vida.
32. Aquele que, através da identidade do Eu, vê o mesmo em toda parte, no prazer e na dor, Arjuna, é o yogue perfeito.
Fala Arjuna:
33. Sendo a mente inquieta e volúvel, ó Madhusudana, não compreendo a estabilidade dessa Yoga que, como me declarastes, baseia-se no equilíbrio mental.
34. Porque na verdade a mente é leviana, ó Krishna; é turbulenta, imperiosa e obstinada. A meu ver é tão difícil de dominar como o vento.
Fala Krishna:
35. Sem dúvida, ó tu de braço poderoso, a mente é movediça e difícil de subjugar. Contudo, filho de Kunti, pode ser dominada através de esforços contínuos e da indiferença.
36. Para aquele que não conseguiu vencer-se a si mesmo, é difícil de alcançar a Yoga, mas aquele que é dono de si mesmo e luta com afinco pode alcançá-la, valendo-se dos meios adequados.
Fala Arjuna:
37. Que destino aguarda, ó Krishna, aquele que está cheio de fé, mas demonstra fraqueza, cuja mente divaga e não consegue perfeição na Yoga?
38. Privado de um e de outro, vacilante e confuso no caminho de Brahma, não se perde como a nuvem desgarrada que desaparece no espaço?
39. Eu te peço Krishna, apague por completo essa dúvida em meu espírito, pois ninguém além de Ti pode dissipá-la.
Fala Krishna:
40. Nem neste mundo nem no outro, um homem como esse encontra a perdição, ó Pârtha, pois aquele que age com retidão, meu filho, jamais toma o caminho do mal.
41. Depois de atingir a região dos justos e ali permanecer anos sem conta, aquele que não progrediu na Yoga renasce num lugar puro e feliz;
42. ou nasce em uma família de sábios yogues. No entanto é difícil obter tal nascimento neste mundo.
43. Recobrando então a mesma disposição de ânimo, adquirida em seu corpo anterior, luta com maior empenho para obter a perfeição, filho de Kuru,
44. pois é irresistivelmente impelido a isso por sua prática anterior. Apenas pelo desejo de conhecer a Yoga, torna-se superior à palavra divina.
45. Mas o yogue que se esforça sem descanso e, purificado de toda a culpa, atingiu a perfeição através de vários nascimentos, alcança a meta suprema.
46. O yogue é superior aos ascetas, superior aos sábios e também superior aos homens de ação. Assim sendo, Arjuna, torna-te yogue.
47. Mas entre todos os yogues, aquele que, cheio de fé, abandonando a Mim todo o seu ser interior, Me rende adoração, é considerado por Mim como o maior dos místicos.
BHAGAVAD-GITA: CANTO V A SABEDORIA DO DESAPEGO
A SABEDORIA DO DESAPEGO
Arjuna disse:
1. Por um lado, Krishna, exaltas à renúncia à ação, por outro exaltas a Yoga (da ação). Diga-me claramente dos dois qual o melhor caminho.
Krishna e Arjuna no campo de
batalha
Krishna disse:
2. Tanto a renúncia como a yoga da ação conduzem à beatitude suprema, mas, dos dois, a Yoga da ação é sem dúvida superior.
3. Deve considerar-se como perseverante renunciante aquele que não sente nem aversão nem desejo; pois aquele a quem não afetam os "pares contrários" se livra com facilidade das cadeias da ação.
4. Ao contrário do sábio o ingênuo acredita que o método Sankhya e a Yoga são coisas distintas. Quem se aplica devidamente a um deles colhe o fruto de ambos.
5. A condição que alcançam os sankhyas é também alcançada pelos yogues; vê claramente aquele que considera Sankhya e Yoga como uma coisa só.
6. Mas sem Yoga é difícil chegar à renúncia, ó tu de braço possante. O sábio que se aplica à Yoga logo alcança Brahma.
7. Aquele que, vivendo entregue à Yoga é puro de coração, vence a si mesmo, refreia seus sentidos e identifica seu Eu com o de todas as criaturas, mesmo que execute uma ação, não se prende a ela.
8. "Eu nada faço" deve pensar o devoto instruído na verdade quando vê, ouve, toca, come, anda, dorme, respira.
9. fala, segura ou solta alguma coisa, abre ou fecha os olhos, considerando que "são os sentidos que se relacionam com os objetos sensíveis".
10. Quem age sem o menor apego depositando suas ações em Brahma não se macula com o pecado, da mesma forma que a água não adere à folha do lótus.
11. Os yogues executam seus atos exclusivamente com o corpo, pensamento, intelecto, e mesmo com os simples sentidos, sem abrigar qualquer desejo, a fim de purificar seu coração.
12. O devoto que renuncia ao fruto de suas ações consegue a paz eterna. Ao contrário, o homem sem devoção, que fustigado pelo desejo se apega ao fruto de suas obras, mantém-se prisioneiro (de seus próprios atos).
13. O Habitante do Corpo, renunciando a toda ação, através da mente, se mantém sereno, como feliz vencedor, na cidade de nove portas (o corpo), sem agir e sem ser causa de qualquer ação.
14. O Senhor não cria a atividade nem os atos do mundo, nem tampouco a conexão entre o ato e suas conseqüências. A natureza individual é que age.
15. O Senhor não assume nem as boas nem as más ações de alguém. O conhecimento está encoberto pela ignorância e por isto os mortais vivem em erro.
16. Aqueles, cuja ignorância se desvaneceu através do conhecimento espiritual, são iluminados pelo conhecimento que, resplandecente como o Sol, revela-lhes o supremo.
17. Pensando n'Ele, unidos de coração a Ele, e fazendo d'Ele sua meta suprema, permanecem limpos de pecado através do conhecimento e vão para o lugar de onde não se volta.
18. Os sábios vêm com igualdade o brâmane, dotado de saber e de modéstia, a vaca, o elefante, o cão e o pária.
19. Mesmo aqui na Terra, aqueles cuja mente está firme na igualdade triunfam deste mundo de matéria, pois o Brahma incorruptível é a própria igualdade e dessa forma descansam em Brahma.
20. Não se regozija com o que é agradável, nem se aflige com o desagradável o homem de entendimento firme e livre de confusão que conhece Brahma e em Brahma repousa.
21. Aquele cujo coração não se atém às impressões exteriores encontra em si mesmo a felicidade; em união mística com Brahma através da Yoga, desfruta perpétua bem-aventurança.
22. Porque os prazeres que emanam das impressões exteriores são verdadeiros mananciais de dor, porque tem princípio e fim. O sábio, ó filho de Kunti, não se deleita com semelhantes prazeres.
23. Aquele que, neste mundo, antes de livrar-se do corpo aprende a resistir aos impulsos do desejo e do ódio, goza de união espiritual e vive feliz.
24. O homem que encontra satisfação, deleite e luz em seu interior é um yogue que, unido a Brahma, alcança o nirvana em Brahma.
25. Os santos sábios, cujas culpas foram apagadas e cuja dualidade foi destruída, que conseguiram vencer-se a si mesmos e se dedicam ao bem-estar de todas as criaturas, alcançam o nirvana em Brahma.
26. Muito próximos do nirvana em Brahma estão aqueles que extirpam de seu coração os desejos e o ódio, aqueles que disciplinaram o corpo e a mente e conhecem o Eu.
27. Evitando que cheguem ao interior as impressões exteriores, concentrando a visão entre as sobrancelhas, deixando passar o alento de modo uniforme pelas narinas na inspiração e na expiração,
28. com os sentidos, o pensamento e o intelecto subjugados por completo, consagrado unicamente à liberação final, e isento de anseios, aversões e temores, o sábio é livre para sempre.
29. Sabendo que sou Eu que recebo os sacrifícios e que sou o senhor de todos os mundos e o amigo de todos os seres, encontra a paz.
Arjuna disse:
1. Por um lado, Krishna, exaltas à renúncia à ação, por outro exaltas a Yoga (da ação). Diga-me claramente dos dois qual o melhor caminho.
Krishna e Arjuna no campo de
batalha
Krishna disse:
2. Tanto a renúncia como a yoga da ação conduzem à beatitude suprema, mas, dos dois, a Yoga da ação é sem dúvida superior.
3. Deve considerar-se como perseverante renunciante aquele que não sente nem aversão nem desejo; pois aquele a quem não afetam os "pares contrários" se livra com facilidade das cadeias da ação.
4. Ao contrário do sábio o ingênuo acredita que o método Sankhya e a Yoga são coisas distintas. Quem se aplica devidamente a um deles colhe o fruto de ambos.
5. A condição que alcançam os sankhyas é também alcançada pelos yogues; vê claramente aquele que considera Sankhya e Yoga como uma coisa só.
6. Mas sem Yoga é difícil chegar à renúncia, ó tu de braço possante. O sábio que se aplica à Yoga logo alcança Brahma.
7. Aquele que, vivendo entregue à Yoga é puro de coração, vence a si mesmo, refreia seus sentidos e identifica seu Eu com o de todas as criaturas, mesmo que execute uma ação, não se prende a ela.
8. "Eu nada faço" deve pensar o devoto instruído na verdade quando vê, ouve, toca, come, anda, dorme, respira.
9. fala, segura ou solta alguma coisa, abre ou fecha os olhos, considerando que "são os sentidos que se relacionam com os objetos sensíveis".
10. Quem age sem o menor apego depositando suas ações em Brahma não se macula com o pecado, da mesma forma que a água não adere à folha do lótus.
11. Os yogues executam seus atos exclusivamente com o corpo, pensamento, intelecto, e mesmo com os simples sentidos, sem abrigar qualquer desejo, a fim de purificar seu coração.
12. O devoto que renuncia ao fruto de suas ações consegue a paz eterna. Ao contrário, o homem sem devoção, que fustigado pelo desejo se apega ao fruto de suas obras, mantém-se prisioneiro (de seus próprios atos).
13. O Habitante do Corpo, renunciando a toda ação, através da mente, se mantém sereno, como feliz vencedor, na cidade de nove portas (o corpo), sem agir e sem ser causa de qualquer ação.
14. O Senhor não cria a atividade nem os atos do mundo, nem tampouco a conexão entre o ato e suas conseqüências. A natureza individual é que age.
15. O Senhor não assume nem as boas nem as más ações de alguém. O conhecimento está encoberto pela ignorância e por isto os mortais vivem em erro.
16. Aqueles, cuja ignorância se desvaneceu através do conhecimento espiritual, são iluminados pelo conhecimento que, resplandecente como o Sol, revela-lhes o supremo.
17. Pensando n'Ele, unidos de coração a Ele, e fazendo d'Ele sua meta suprema, permanecem limpos de pecado através do conhecimento e vão para o lugar de onde não se volta.
18. Os sábios vêm com igualdade o brâmane, dotado de saber e de modéstia, a vaca, o elefante, o cão e o pária.
19. Mesmo aqui na Terra, aqueles cuja mente está firme na igualdade triunfam deste mundo de matéria, pois o Brahma incorruptível é a própria igualdade e dessa forma descansam em Brahma.
20. Não se regozija com o que é agradável, nem se aflige com o desagradável o homem de entendimento firme e livre de confusão que conhece Brahma e em Brahma repousa.
21. Aquele cujo coração não se atém às impressões exteriores encontra em si mesmo a felicidade; em união mística com Brahma através da Yoga, desfruta perpétua bem-aventurança.
22. Porque os prazeres que emanam das impressões exteriores são verdadeiros mananciais de dor, porque tem princípio e fim. O sábio, ó filho de Kunti, não se deleita com semelhantes prazeres.
23. Aquele que, neste mundo, antes de livrar-se do corpo aprende a resistir aos impulsos do desejo e do ódio, goza de união espiritual e vive feliz.
24. O homem que encontra satisfação, deleite e luz em seu interior é um yogue que, unido a Brahma, alcança o nirvana em Brahma.
25. Os santos sábios, cujas culpas foram apagadas e cuja dualidade foi destruída, que conseguiram vencer-se a si mesmos e se dedicam ao bem-estar de todas as criaturas, alcançam o nirvana em Brahma.
26. Muito próximos do nirvana em Brahma estão aqueles que extirpam de seu coração os desejos e o ódio, aqueles que disciplinaram o corpo e a mente e conhecem o Eu.
27. Evitando que cheguem ao interior as impressões exteriores, concentrando a visão entre as sobrancelhas, deixando passar o alento de modo uniforme pelas narinas na inspiração e na expiração,
28. com os sentidos, o pensamento e o intelecto subjugados por completo, consagrado unicamente à liberação final, e isento de anseios, aversões e temores, o sábio é livre para sempre.
29. Sabendo que sou Eu que recebo os sacrifícios e que sou o senhor de todos os mundos e o amigo de todos os seres, encontra a paz.
BHAGAVAD-GITA: CANTO IV DA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL
DA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL
O Supremo Senhor fala:
1. Eu ensinei a Vivasvan esta ciência da Yoga eterna e trancendental, Vivasvan passou-a a Manu, o pai de todos os homens, e este então a transmitiu a Ikhsvaku, rei deste mundo.
2. Esta ciência suprema foi transmitida através da cadeia sucessória, e ela assim foi recebida também pelos reis devotos. Mas com o passar dos tempos, a cadeia se interrompeu, e a ciência como tal ficou como que perdida.
3. Hoje estou lhe revelando esta ciência antiquíssima da união com o Supremo, por você ser Meu devoto e ser também Meu amigo, podendo, pois, entender seu trancendental mistério.
Krishna e Arjuna no campo de batalha
Arjuna disse:
4. O deus do Sol Vivasvan é mais velho do que Tu; como posso compreender que num tempo tão remoto Tu tivesses lhe ensinado essa ciência suprema?
Krishna disse:
5. Tanto você como Eu já vivemos muitas vidas, posso lembrar-Me de todas; você, no entanto, não pode, ó vencedor de inimigos!
6. Mesmo sendo não nascido e Meu corpo imperecível não possa se corromper; embora Eu seja Senhor de todos os seres vivos; ainda assim Eu manifesto Minha forma original quando se faz necessário.
7. Em qualquer lugar e sempre que a verdade vacilar e a mentira dominar, Eu me manifestarei, ó descendente de Bharata.
8. Para restabelecer os princípios religiosos, para salvar os devotos e aniquilar os canalhas, Eu surjo em cada milênio.
9. Quem conhece realmente Meu nascimento divino e Minhas atividades, quando abandona este corpo não renasce neste mundo, mas passa a viver Comigo, ó ganhador de riquezas.
10. Estando livres do apego, sem sentir ódio nem medo, e pensando sempre em Mim, muitos se purificaram, por saber ou penitência, alcançando amor por Mim.
11. Cada um recompenso conforme se rende a Mim, ó descendente de Pritha. Mas, de todas as maneiras, todos seguem Meu caminho.
12. Desejando ter sucesso neste mundo material, os que trabalham por ganho fazem dádivas aos deuses, alcançando bem depressa tudo aquilo que desejam.
13. Eu instituí as quatro castas, segundo a divisão das qualidades e ações. Saiba que sou seu autor. Eu que sou, no entanto, inativo e imutável.
14. As obras não me contaminam, nem seu fruto é objeto do desejo para mim; aquele que Me conhece não se prende por suas ações.
15. Sabendo disso, os homens de outrora que buscavam a libertação executaram suas obras. Portanto, aplica-te também à ação, como fizeram teus antepassados.
16. "Que é a ação? Que é a inação"? Mesmo os sábios se confundem quanto a isso. Vou, portanto, explicar-te o que é a ação e graças a tal conhecimento estarás liberto do mal.
17. É preciso saber distinguir a ação da ação proibida e da inação. É muito intrincado o caminho da ação.
18. Sábio entre os homens, devoto e perfeito realizador de toda a obra é aquele que pode ver a inação na ação e a ação na inação.
19. Aquele que age sem ser impelido pelo desejo e cujas obras são consumidas pelo fogo do conhecimento, é considerado sábio pelos inteligentes.
20. O homem que não tem apego ao fruto da ação e vive sempre satisfeito e independente não age em absoluto, apesar de se engajar na ação.
21. Livre de anseios e esperanças, mantendo disciplinados o corpo e a mente, renunciando a todo tipo de possessividade e executando apenas os atos corporais o homem se liberta do mal.
22. Aquele que está sempre satisfeito com tudo que recebe, que superou os "pares contrários", liberto da má vontade, inalterável no sucesso e na adversidade, mesmo que execute alguma obra não fica preso a ela.
23. A ação executada pelo homem, cujos desejos estão extintos, se desvanece por completo. Livre e com a mente fixa no conhecimento executa suas obras só por sacrifício.
24. Brahma é o sacrifício; Brahma é a oblação oferecida por Brahma no fogo, que é Brahma; e a Brahma se encaminha aquele que em sua obra medita em Brahma.
25. Alguns devotos oferecem sacrifícios apenas aos deuses, outros oferecem até o sacrifício por sacrifício, no fogo de Brahma.
26. Existem os que sacrificam o ouvido e os demais sentidos no fogo da continência, outros sacrificam o som e os demais objetos dos sentidos no fogo dos sentidos.
27. Há também os que sacrificam todas as funções dos sentidos e da vida no fogo místico do domínio de si mesmo, avivado pelo conhecimento espiritual.
28. Outros praticam sacrifícios oferecendo suas riquezas, submetendo-se a privações numa vida austera, ou executando práticas piedosas. Existem ascetas que, ligados por votos rígidos, fazem sacrifício de leitura silenciosa e de conhecimento.
29. Há quem sacrifique a expiração na inspiração e a inspiração na expiração, ou reprime ambos movimentos respiratórios, fazendo do exercício do prânayâma sua tarefa principal.
30. Existem ainda os que, sujeitando-se a uma alimentação regrada sacrificam seus alentos vitais nos alentos vitais. Todos estes devotos sabem o que é o sacrifício e através dele se purificam do pecado.
31. Sustentados com os resíduos dos sacrifícios, alimento da imortalidade, vão unir-se ao eterno Brahma. Aqueles que não praticam nenhum sacrifício não podem gozar este mundo; como poderão pois, gozar o outro, ó melhor dos kurus?
32. Assim, pois, muitos sacrifícios são oferecidos à boca de Brahma. Saiba que todos eles emanam da ação, compreendendo bem isto, serás livre.
33. Superior a todo sacrifício material é o sacrifício da sabedoria, ó perseguidor de teus inimigos. Toda ação em sua integridade, filho de Pritha, está consumada no conhecimento.
34. Aprende a buscar esse conhecimento prostrando-se aos pés dos sábios, interrogando-os e servindo-os; e os sábios, os que vêem a verdade, irão iniciar-te na sabedoria.
35. Desde que alcances tal conhecimento, não cairás novamente em confusão, filho de Pandu; pois graças a ele verás todos os seres em ti mesmo, e conseqüentemente em mim.
36. Ainda que fosses o maior dos pecadores, cruzarias a salvo o oceano dos pecados na barca do conhecimento espiritual.
37. Assim como o fogo flamejante reduz a lenha a cinzas, Arjuna, o fogo do conhecimento reduz a cinzas todas as ações.
38. Na verdade, não há neste mundo purificador comparável ao conhecimento. Aquele que atingiu a perfeição pela Yoga, irá encontrá-lo dentro de si mesmo no decorrer do tempo.
39. O homem cheio de fé obtém o conhecimento aplicando-se a ele e subjugando os sentidos. Atingindo o conhecimento, logo alcançará a paz suprema.
40. Pelo contrário o homem ignorante, sem fé, em cuja alma fermenta a dúvida, caminha para a perdição; pois aquele que está dominado pela dúvida não goza deste mundo nem do outro, nem da bem-aventurança.
41. As ações, Dhananjaya, não aprisionam aquele que, submetido ao Eu, renunciou à ação pela Yoga e destruiu a dúvida através do conhecimento.
42. Assim, depois de matar com a espada do conhecimento essa dúvida nascida da ignorância e arraigada em tua alma, aplica-te à Yoga. Levanta-te, pois, filho de Bharata.
O Supremo Senhor fala:
1. Eu ensinei a Vivasvan esta ciência da Yoga eterna e trancendental, Vivasvan passou-a a Manu, o pai de todos os homens, e este então a transmitiu a Ikhsvaku, rei deste mundo.
2. Esta ciência suprema foi transmitida através da cadeia sucessória, e ela assim foi recebida também pelos reis devotos. Mas com o passar dos tempos, a cadeia se interrompeu, e a ciência como tal ficou como que perdida.
3. Hoje estou lhe revelando esta ciência antiquíssima da união com o Supremo, por você ser Meu devoto e ser também Meu amigo, podendo, pois, entender seu trancendental mistério.
Krishna e Arjuna no campo de batalha
Arjuna disse:
4. O deus do Sol Vivasvan é mais velho do que Tu; como posso compreender que num tempo tão remoto Tu tivesses lhe ensinado essa ciência suprema?
Krishna disse:
5. Tanto você como Eu já vivemos muitas vidas, posso lembrar-Me de todas; você, no entanto, não pode, ó vencedor de inimigos!
6. Mesmo sendo não nascido e Meu corpo imperecível não possa se corromper; embora Eu seja Senhor de todos os seres vivos; ainda assim Eu manifesto Minha forma original quando se faz necessário.
7. Em qualquer lugar e sempre que a verdade vacilar e a mentira dominar, Eu me manifestarei, ó descendente de Bharata.
8. Para restabelecer os princípios religiosos, para salvar os devotos e aniquilar os canalhas, Eu surjo em cada milênio.
9. Quem conhece realmente Meu nascimento divino e Minhas atividades, quando abandona este corpo não renasce neste mundo, mas passa a viver Comigo, ó ganhador de riquezas.
10. Estando livres do apego, sem sentir ódio nem medo, e pensando sempre em Mim, muitos se purificaram, por saber ou penitência, alcançando amor por Mim.
11. Cada um recompenso conforme se rende a Mim, ó descendente de Pritha. Mas, de todas as maneiras, todos seguem Meu caminho.
12. Desejando ter sucesso neste mundo material, os que trabalham por ganho fazem dádivas aos deuses, alcançando bem depressa tudo aquilo que desejam.
13. Eu instituí as quatro castas, segundo a divisão das qualidades e ações. Saiba que sou seu autor. Eu que sou, no entanto, inativo e imutável.
14. As obras não me contaminam, nem seu fruto é objeto do desejo para mim; aquele que Me conhece não se prende por suas ações.
15. Sabendo disso, os homens de outrora que buscavam a libertação executaram suas obras. Portanto, aplica-te também à ação, como fizeram teus antepassados.
16. "Que é a ação? Que é a inação"? Mesmo os sábios se confundem quanto a isso. Vou, portanto, explicar-te o que é a ação e graças a tal conhecimento estarás liberto do mal.
17. É preciso saber distinguir a ação da ação proibida e da inação. É muito intrincado o caminho da ação.
18. Sábio entre os homens, devoto e perfeito realizador de toda a obra é aquele que pode ver a inação na ação e a ação na inação.
19. Aquele que age sem ser impelido pelo desejo e cujas obras são consumidas pelo fogo do conhecimento, é considerado sábio pelos inteligentes.
20. O homem que não tem apego ao fruto da ação e vive sempre satisfeito e independente não age em absoluto, apesar de se engajar na ação.
21. Livre de anseios e esperanças, mantendo disciplinados o corpo e a mente, renunciando a todo tipo de possessividade e executando apenas os atos corporais o homem se liberta do mal.
22. Aquele que está sempre satisfeito com tudo que recebe, que superou os "pares contrários", liberto da má vontade, inalterável no sucesso e na adversidade, mesmo que execute alguma obra não fica preso a ela.
23. A ação executada pelo homem, cujos desejos estão extintos, se desvanece por completo. Livre e com a mente fixa no conhecimento executa suas obras só por sacrifício.
24. Brahma é o sacrifício; Brahma é a oblação oferecida por Brahma no fogo, que é Brahma; e a Brahma se encaminha aquele que em sua obra medita em Brahma.
25. Alguns devotos oferecem sacrifícios apenas aos deuses, outros oferecem até o sacrifício por sacrifício, no fogo de Brahma.
26. Existem os que sacrificam o ouvido e os demais sentidos no fogo da continência, outros sacrificam o som e os demais objetos dos sentidos no fogo dos sentidos.
27. Há também os que sacrificam todas as funções dos sentidos e da vida no fogo místico do domínio de si mesmo, avivado pelo conhecimento espiritual.
28. Outros praticam sacrifícios oferecendo suas riquezas, submetendo-se a privações numa vida austera, ou executando práticas piedosas. Existem ascetas que, ligados por votos rígidos, fazem sacrifício de leitura silenciosa e de conhecimento.
29. Há quem sacrifique a expiração na inspiração e a inspiração na expiração, ou reprime ambos movimentos respiratórios, fazendo do exercício do prânayâma sua tarefa principal.
30. Existem ainda os que, sujeitando-se a uma alimentação regrada sacrificam seus alentos vitais nos alentos vitais. Todos estes devotos sabem o que é o sacrifício e através dele se purificam do pecado.
31. Sustentados com os resíduos dos sacrifícios, alimento da imortalidade, vão unir-se ao eterno Brahma. Aqueles que não praticam nenhum sacrifício não podem gozar este mundo; como poderão pois, gozar o outro, ó melhor dos kurus?
32. Assim, pois, muitos sacrifícios são oferecidos à boca de Brahma. Saiba que todos eles emanam da ação, compreendendo bem isto, serás livre.
33. Superior a todo sacrifício material é o sacrifício da sabedoria, ó perseguidor de teus inimigos. Toda ação em sua integridade, filho de Pritha, está consumada no conhecimento.
34. Aprende a buscar esse conhecimento prostrando-se aos pés dos sábios, interrogando-os e servindo-os; e os sábios, os que vêem a verdade, irão iniciar-te na sabedoria.
35. Desde que alcances tal conhecimento, não cairás novamente em confusão, filho de Pandu; pois graças a ele verás todos os seres em ti mesmo, e conseqüentemente em mim.
36. Ainda que fosses o maior dos pecadores, cruzarias a salvo o oceano dos pecados na barca do conhecimento espiritual.
37. Assim como o fogo flamejante reduz a lenha a cinzas, Arjuna, o fogo do conhecimento reduz a cinzas todas as ações.
38. Na verdade, não há neste mundo purificador comparável ao conhecimento. Aquele que atingiu a perfeição pela Yoga, irá encontrá-lo dentro de si mesmo no decorrer do tempo.
39. O homem cheio de fé obtém o conhecimento aplicando-se a ele e subjugando os sentidos. Atingindo o conhecimento, logo alcançará a paz suprema.
40. Pelo contrário o homem ignorante, sem fé, em cuja alma fermenta a dúvida, caminha para a perdição; pois aquele que está dominado pela dúvida não goza deste mundo nem do outro, nem da bem-aventurança.
41. As ações, Dhananjaya, não aprisionam aquele que, submetido ao Eu, renunciou à ação pela Yoga e destruiu a dúvida através do conhecimento.
42. Assim, depois de matar com a espada do conhecimento essa dúvida nascida da ignorância e arraigada em tua alma, aplica-te à Yoga. Levanta-te, pois, filho de Bharata.
BHAGAVAD-GITA: CANTO III
YOGA DA AÇÃO
Arjuna disse:
1. Por que queres me engajar nesta terrível batalha, se achas que a compreensão é superior ao trabalho, ó Keshava, ó Jnardana?
2. Minha mente está confusa com Tuas palavras dúbias; dize-me, pois, com clareza o que é melhor para mim.
Krishna e Arjuna no campo de batalha
O Supremo Senhor disse:
3. Eu acabei de explicar que há dois tipos de pessoas tentando entender o Eu. Umas através da mente, outras por servir à Deus.
4. Não se é livre do dever porque se deixa de agir nem se atinge a perfeição somente pela renúncia.
5. Todo mundo tem que agir de acordo com o seu carma. Nem mesmo por um momento pode alguém deixar de agir.
6. Quem reprime os seus sentidos mas não livra sua mente dos objetos do desejo está enganando a si mesmo e não passa de um farsante.
7. Mas aquele que usa a mente no controle dos sentidos praticando a devoção e agindo com desapego, é digno de ser louvado.
8. Execute o seu trabalho pois esse procedimento é melhor que a inação. Sem trabalhar não se pode sequer manter-se o corpo.
9. Deve ser feito o trabalho como um sacrifício a Deus. Pois se é feito de outro modo, ele leva ao cativeiro do mundo material. Por isso ó filho de Kunti, execute o seu trabalho para a satisfação d'Ele, e assim você será livre.
10. No início da criação o Pai de todos os seres enviou muitas gerações de homens e semideuses com o fim de executar sacrifícios para Vishnu e abençoou-os dizendo: "Que vós sejais bem felizes; através dos sacrifícios tereis o que desejardes.
11. Agradando aos semideuses eles vos serão propícios. E assim - os deuses e os homens cooperando mutuamente - haverá muita fartura".
12. Os semideuses contentes com os vossos sacrifícios saciarão vossos desejos. Mas quem desfruta das dádivas sem ofertá-las aos deuses é certamente um ladrão.
13. Os devotos do Senhor estão livres do pecado porque comem alimento ofertado em sacrifício. Os que preparam a comida para o gozo dos sentidos apenas comem pecado.
14. Nossos corpos materiais são nutridos pelos grãos produzidos pelas chuvas. As chuvas são produzidas por força dos sacrifícios, os quais são provenientes das obrigações prescritas.
15. Todas as obrigações estão prescritas nos Vedas, e os Vedas se manifestam diretamente de Deus. Por isso o Brahman Supremo é presente eternamente no rito de sacrifício.
16. Quem não adota a seqüência de sacrifícios prescritos pelas escrituras védicas decerto vive em pecado. Vive em vão quem vive apenas como um servo dos sentidos, ó descendente de Pritha.
17. Mas para aquele que encontra contentamento no Eu, e se ilumina no Eu, já não há obrigação.
18. Ele já não tem razão para cumprir dever algum. Nem tampouco tem razão para não fazer o que deve. Ele também não precisa depender mais de ninguém.
19. Por isso deve-se agir sem apego a resultados, mas apenas por dever, pois agindo sem apego, o homem atinge o Supremo.
20. Mesmo os reis como Janaka chegaram à perfeição por cumprirem seus deveres. Do mesmo modo você deve fazer seu trabalho para ensinar pelo exemplo.
21. Qualquer ação praticada por um homem superior é tomada como exemplo por toda a comunidade como se fosse um padrão que todos querem seguir.
22. Ó descendente de Pritha, não há dever que me obrigue em qualquer um dos três mundos. Não sinto falta de nada nem necessito de nada, mas mesmo assim Eu Me ocupo em cumprir o que é prescrito.
23. Se alguma vez Eu deixasse de ocupar-Me com cuidado da execução dos deveres decerto todos os homens seguiriam o Meu exemplo.
24. Se Eu deixasse de cumprir os Meus deveres prescritos arruinaria os três mundos criando prole indesejada, destruindo assim a paz de todos os seres vivos.
25. Assim como os ignorantes executam seus deveres com apego aos resultados, igualmente os que são sábios também cumprem seu dever, sem desejar nada em troca, apenas com o propósito de conduzir as pessoas para o caminho correto.
26. Que o sábio não confunda a mente dos ignorantes que trabalham pelo ganho, procurando encorajá-los a abster-se de trabalhar. Ele só deve ensiná-los a servir com devoção.
27. A alma estando confundida pelo mundo material coloca-se como autora do que na verdade é feito pela ação da natureza.
28. Quem possui conhecimento da Realidade Absoluta, Arjuna de braços fortes, não se ocupa na procura dos prazeres dos sentidos, pois bem sabe a diferença entre agir por devoção ou apegado aos resultados.
29. Por estarem confundidos pelas três qualidades da matéria, os ignorantes se ocupam com os assuntos mundanos, ficando muito apegados. Não deve, no entanto, o sábio por causa disso agitá-los. Eles agem desse modo por falta de entendimento.
30. Por esse motivo, Arjuna, com a mente fixa em Mim, sem desejar nada em troca, e ofertando-Me os teus atos, lute sem desanimar!
31. Quem executa os deveres conforme os Meus preceitos, quem segue Minhas lições com muita fé e devoção, sem se levar pela inveja, fica livre da prisão do trabalho interesseiro.
32. Mas os que, devido à inveja, não praticam Meus preceitos, privam-se completamente de todo o conhecimento, malogrando seus esforços de atingir a perfeição.
33. Até mesmo os eruditos não podem deixar de agir de acordo com os ditames de sua própria natureza. Que adianta se reprimir?
34. Todo mundo experimenta atração ou repugnância pelos objetos sensíveis; mas ninguém deve servir ao império dos sentidos que são pedras no caminho que leva à libertação.
35. É muito melhor cumprir, embora imperfeitamente, as próprias obrigações do que cumprir as dos outros da maneira mais perfeita. Morrer cumprindo o dever é correr menos perigo do que perder seu caminho.
Arjuna disse:
36. Ó descendente de Vrishni, o que faz o homem pecar, embora contra a vontade, como se fosse forçado?
O Supremo Senhor fala:
37. É tão-somente a luxúria gerada pela paixão que mais tarde se transforma em ira, a grande inimiga pecaminosa e voraz devoradora de tudo.
38. Como o fumo cobre o fogo, a poeira cobre o espelho e o útero cobre o feto, de maneira similar o ser vivo está coberto por camadas de luxúria.
39. Desse modo a consciência é coberta de luxúria, que é sua eterna inimiga, pois nunca se satisfaz e arde tanto como o fogo.
40. A mente e os cinco sentidos, assim como a inteligência, são moradas da luxúria, que cobrindo a consciência do ser vivo, o desnorteia.
41. Sendo assim, filho de Bhárata, subjugue desde o princípio o causador do pecado controlando os seus sentidos, e aniquile o matador da alma e do conhecimento.
42. Os sentidos se situam acima dos seus objetos. Mais acima dos sentidos está situada a mente. Em posição superior se situa a inteligência e, acima desta, está a alma.
43. Sabendo então que transcende, tanto aos sentidos e à mente, assim como à inteligência, deve por isso a Pessoa, Arjuna de braços fortes, domar o eu inferior e, com a força do espírito, vencer de vez a luxúria, esse inimigo terrível.
Arjuna disse:
1. Por que queres me engajar nesta terrível batalha, se achas que a compreensão é superior ao trabalho, ó Keshava, ó Jnardana?
2. Minha mente está confusa com Tuas palavras dúbias; dize-me, pois, com clareza o que é melhor para mim.
Krishna e Arjuna no campo de batalha
O Supremo Senhor disse:
3. Eu acabei de explicar que há dois tipos de pessoas tentando entender o Eu. Umas através da mente, outras por servir à Deus.
4. Não se é livre do dever porque se deixa de agir nem se atinge a perfeição somente pela renúncia.
5. Todo mundo tem que agir de acordo com o seu carma. Nem mesmo por um momento pode alguém deixar de agir.
6. Quem reprime os seus sentidos mas não livra sua mente dos objetos do desejo está enganando a si mesmo e não passa de um farsante.
7. Mas aquele que usa a mente no controle dos sentidos praticando a devoção e agindo com desapego, é digno de ser louvado.
8. Execute o seu trabalho pois esse procedimento é melhor que a inação. Sem trabalhar não se pode sequer manter-se o corpo.
9. Deve ser feito o trabalho como um sacrifício a Deus. Pois se é feito de outro modo, ele leva ao cativeiro do mundo material. Por isso ó filho de Kunti, execute o seu trabalho para a satisfação d'Ele, e assim você será livre.
10. No início da criação o Pai de todos os seres enviou muitas gerações de homens e semideuses com o fim de executar sacrifícios para Vishnu e abençoou-os dizendo: "Que vós sejais bem felizes; através dos sacrifícios tereis o que desejardes.
11. Agradando aos semideuses eles vos serão propícios. E assim - os deuses e os homens cooperando mutuamente - haverá muita fartura".
12. Os semideuses contentes com os vossos sacrifícios saciarão vossos desejos. Mas quem desfruta das dádivas sem ofertá-las aos deuses é certamente um ladrão.
13. Os devotos do Senhor estão livres do pecado porque comem alimento ofertado em sacrifício. Os que preparam a comida para o gozo dos sentidos apenas comem pecado.
14. Nossos corpos materiais são nutridos pelos grãos produzidos pelas chuvas. As chuvas são produzidas por força dos sacrifícios, os quais são provenientes das obrigações prescritas.
15. Todas as obrigações estão prescritas nos Vedas, e os Vedas se manifestam diretamente de Deus. Por isso o Brahman Supremo é presente eternamente no rito de sacrifício.
16. Quem não adota a seqüência de sacrifícios prescritos pelas escrituras védicas decerto vive em pecado. Vive em vão quem vive apenas como um servo dos sentidos, ó descendente de Pritha.
17. Mas para aquele que encontra contentamento no Eu, e se ilumina no Eu, já não há obrigação.
18. Ele já não tem razão para cumprir dever algum. Nem tampouco tem razão para não fazer o que deve. Ele também não precisa depender mais de ninguém.
19. Por isso deve-se agir sem apego a resultados, mas apenas por dever, pois agindo sem apego, o homem atinge o Supremo.
20. Mesmo os reis como Janaka chegaram à perfeição por cumprirem seus deveres. Do mesmo modo você deve fazer seu trabalho para ensinar pelo exemplo.
21. Qualquer ação praticada por um homem superior é tomada como exemplo por toda a comunidade como se fosse um padrão que todos querem seguir.
22. Ó descendente de Pritha, não há dever que me obrigue em qualquer um dos três mundos. Não sinto falta de nada nem necessito de nada, mas mesmo assim Eu Me ocupo em cumprir o que é prescrito.
23. Se alguma vez Eu deixasse de ocupar-Me com cuidado da execução dos deveres decerto todos os homens seguiriam o Meu exemplo.
24. Se Eu deixasse de cumprir os Meus deveres prescritos arruinaria os três mundos criando prole indesejada, destruindo assim a paz de todos os seres vivos.
25. Assim como os ignorantes executam seus deveres com apego aos resultados, igualmente os que são sábios também cumprem seu dever, sem desejar nada em troca, apenas com o propósito de conduzir as pessoas para o caminho correto.
26. Que o sábio não confunda a mente dos ignorantes que trabalham pelo ganho, procurando encorajá-los a abster-se de trabalhar. Ele só deve ensiná-los a servir com devoção.
27. A alma estando confundida pelo mundo material coloca-se como autora do que na verdade é feito pela ação da natureza.
28. Quem possui conhecimento da Realidade Absoluta, Arjuna de braços fortes, não se ocupa na procura dos prazeres dos sentidos, pois bem sabe a diferença entre agir por devoção ou apegado aos resultados.
29. Por estarem confundidos pelas três qualidades da matéria, os ignorantes se ocupam com os assuntos mundanos, ficando muito apegados. Não deve, no entanto, o sábio por causa disso agitá-los. Eles agem desse modo por falta de entendimento.
30. Por esse motivo, Arjuna, com a mente fixa em Mim, sem desejar nada em troca, e ofertando-Me os teus atos, lute sem desanimar!
31. Quem executa os deveres conforme os Meus preceitos, quem segue Minhas lições com muita fé e devoção, sem se levar pela inveja, fica livre da prisão do trabalho interesseiro.
32. Mas os que, devido à inveja, não praticam Meus preceitos, privam-se completamente de todo o conhecimento, malogrando seus esforços de atingir a perfeição.
33. Até mesmo os eruditos não podem deixar de agir de acordo com os ditames de sua própria natureza. Que adianta se reprimir?
34. Todo mundo experimenta atração ou repugnância pelos objetos sensíveis; mas ninguém deve servir ao império dos sentidos que são pedras no caminho que leva à libertação.
35. É muito melhor cumprir, embora imperfeitamente, as próprias obrigações do que cumprir as dos outros da maneira mais perfeita. Morrer cumprindo o dever é correr menos perigo do que perder seu caminho.
Arjuna disse:
36. Ó descendente de Vrishni, o que faz o homem pecar, embora contra a vontade, como se fosse forçado?
O Supremo Senhor fala:
37. É tão-somente a luxúria gerada pela paixão que mais tarde se transforma em ira, a grande inimiga pecaminosa e voraz devoradora de tudo.
38. Como o fumo cobre o fogo, a poeira cobre o espelho e o útero cobre o feto, de maneira similar o ser vivo está coberto por camadas de luxúria.
39. Desse modo a consciência é coberta de luxúria, que é sua eterna inimiga, pois nunca se satisfaz e arde tanto como o fogo.
40. A mente e os cinco sentidos, assim como a inteligência, são moradas da luxúria, que cobrindo a consciência do ser vivo, o desnorteia.
41. Sendo assim, filho de Bhárata, subjugue desde o princípio o causador do pecado controlando os seus sentidos, e aniquile o matador da alma e do conhecimento.
42. Os sentidos se situam acima dos seus objetos. Mais acima dos sentidos está situada a mente. Em posição superior se situa a inteligência e, acima desta, está a alma.
43. Sabendo então que transcende, tanto aos sentidos e à mente, assim como à inteligência, deve por isso a Pessoa, Arjuna de braços fortes, domar o eu inferior e, com a força do espírito, vencer de vez a luxúria, esse inimigo terrível.
BHAGAVAD-GITA: CANTO II
REVELAÇÃO DA VERDADE
Fala Sanjaya:
1. A ele, que estava repleto de amargura e com os olhos cheios de lágrimas, dirigiu-se Madhusudana e o consolou com as seguintes palavras:
Krishna e Arjuna no campo de batalha
Fala Krishna:
2. Neste momento decisivo, ó Arjuna, por que te entregas a semelhante desânimo, indigno de um Ariano e que te fecha os céus?
3. Não cedas à fraqueza, que de nada serve. Enche-te de coragem contra teus inimigos e sê o que realmente és!
Fala Arjuna:
4. Mas, como posso lutar, ó Madhusudana, e lançar flechas contra Bhisma e Drohna, que ambos merecem reverência e simpatia?
5. Bem melhor seria comer pão mendigado neste mundo do que trucidar esses grandes chefes. E, se os matasse, manchado de sangue, que seriam toda minha riqueza e os prazeres da Terra?
6. Melhor seria sucumbir às mãos deles, donde deriva gozo e felicidade, do que matá-los, a esses, sem os quais não teria fim o vácuo da minha vida.
7. Com a alma repleta de temor e compaixão, eu te suplico, Senhor, faze-me saber qual o caminho certo. Eu, teu discípulo, me refugio a Ti para saber o que devo fazer e deixar de fazer.
8. De que me serviria um reino próspero, se não me libertar da culpa? De que me serve possuir o mundo, se os que amo não mais existem?
Fala Sanjaya:
9. Assim falava Arjuna ao Senhor dos corações. "Não, não quero lutar!", suspirou - e calou-se.
10. Krishna, porém, sorrindo benevolamente, ali mesmo, em face dos dois exércitos, assim falou ao desanimado:
Fala Krishna:
11. Andas triste por algo que tristeza não merece - e tuas palavras carecem de sabedoria. O sábio, porém, não se entristece com nada, nem por causa dos mortos nem por causa dos vivos.
12. Nunca houve tempo em que eu não existisse, nem tu, nem algum desses príncipes - nem jamais haverá tempo em que algum de nós deixe de existir em seu Ser real.
13. O verdadeiro Ser vive sempre. Assim como a alma incorporada experimenta infância, maturidade e velhice dentro do mesmo corpo, assim passa também de corpo a corpo - sabem os iluminados e não se entristecem.
14. Quando os sentidos estão identificados com objetos sensórios, experimentam sensações de calor e de frio, de prazer e de sofrimento - estas coisas vêm e vão; são temporárias por sua própria natureza. Suporta-as com paciência!
15. Mas quem permanece sereno e imperturbável no meio do prazer e do sofrimento, somente esse é que atinge a imortalidade.
16. O que é irreal não existe, e o que é real nunca deixa de existir. Os videntes da Verdade compreendem a íntima natureza tanto disto como daquilo, a diferença entre o ser e o parecer.
17. Compreende como certo, ó Arjuna, que indestrutível é aquilo que permeia o Universo todo; ninguém pode destruir o que é imperecível, a Realidade.
18. Perecíveis são os corpos, esses templos do espírito - eterna, indestrutível, infinita é a alma que neles habita. Por isto, ó Arjuna, luta!
19. Quem pensa que a Alma, o Eu, que mata, ou o Eu que morre, não conhece a Verdade. O Eu não pode matar nem morrer.
20. O Eu nunca nasceu nem jamais morrerá. E uma vez que existe, nunca deixará de existir. Sem nascimento, sem morte, imutável, eterno - sempre ele mesmo é o Eu, a alma. Não é destruído com a destruição do corpo (material).
21. Quem sabe que a alma de tudo é indestrutível e eterna, sem nascimento nem morte, sabe que a essência não pode morrer, ainda que as formas pereçam.
22. Assim como o homem se despoja de uma roupa gasta e veste roupa nova, assim também a alma incorporada se despoja de corpos gastos e veste corpos novos.
23. Armas não ferem o Eu, fogo não o queima, águas não o molham, ventos não o ressecam.
24. O Eu não pode ser ferido nem queimado; não pode ser molhado nem ressecado - ele é imortal; não se move nem é movido, e permeia todas as coisas - o Eu é eterno.
25. Para além dos sentidos, para além da mente, para além dos efeitos da dualidade habita o Eu. Pelo que, sabendo que tal é o Eu, por que te entregas à tristeza ó Arjuna?
26. Se o ego está sujeito às vicissitudes de nascer e morrer, nem por isto deves entristecer-te, ó Arjuna.
27. Inevitável é a morte para os que nascem; todo morrer é um nascer - pelo que, não deves entristecer-te por causa do inevitável.
28. Imanifesto é o princípio dos seres; manifesto o seu estado intermediário; e imanifesto é também o seu estado final. Por isto, ó Arjuna, que motivo há para a tristeza?
29. Alguns conhecem o Eu como glorioso; alguns falam dele como glorioso; outros ouvem falar dele como glorioso; e outros, embora ouçam, nada compreendem.
30. Eterno e indestrutível é o Eu, que está sempre presente em cada ser. Por isto, ó Arjuna, não te entristeças com coisa alguma.
31. De mais a mais, visando o teu próprio dever, não vaciles, porquanto, para um príncipe da classe dos guerreiros, nada é superior à uma guerra justa.
32. Felizes deveras são os guerreiros chamados a lutar numa batalha dessa natureza, que lhes vem espontaneamente como uma porta aberta para os céus.
33. Mas, se você se negar a cumprir o seu dever de combater nesta luta, incorrerá em pecado e perderá para sempre sua fama de guerreiro.
34. Todos irão comentar sua infame conduta e para quem se respeita, desonra é pior que a morte.
35. Todos estes generais que lhe têm em alta conta, por seu nome e sua fama, certamente irão pensar que foi somente por medo que você não quis lutar.
36. Todos seus inimigos falarão mal de você, demonstrando menosprezo pelas suas qualidades. O que poderia ser mais doloroso que isso?
37. Ó bravo filho de Kunti, ou você morre na luta e vai viver outra vida nos mundos celestiais ou, se vencer, você vive para gozar nesta Terra. Por isso, lute com fé.
38. Lute apenas por lutar sem pensar em perda ou ganho, em alegria ou tristeza, em vitória ou em derrota, pois, agindo desse modo, você nunca pecará.
39. Até aqui Eu lhe falei do conhecimento obtido pelo estudo analítico da filosofia Sankhya. Ouça agora o que direi ó descendente de Bhárata, sobre o trabalho que é feito sem apego a resultados, que livra do cativeiro do trabalho mercenário.
40. Nesta via não há perda e nenhum esforço é em vão, e um pequeno avanço nela liberta do grande medo.
41. Amado filho dos kurus, quem segue por esta via de maneira resoluta possui a mente indivisa. Mas a mente do indeciso segue muitas direções.
42-43. Falsos adeptos dos Vedas desejosos de prazeres, de riqueza e de poder, fazem ritos para entrar nos mundos celestiais. Eles ficam fascinados pelo linguajar florido dos antigos textos védicos, e só crêem no que existe para o gozo dos sentidos.
44. Na mente dos apegados aos prazeres dos sentidos e à riqueza material e que por isso se iludem, não ocorre a decisão de prestar serviço a Deus.
45. Os Vedas tratam das três qualidades da matéria. Eleve-se acima delas, livre-se das dualidades e do desejo de posse, Arjuna, e fixe-se no Eu.
46. O propósito cumprido pela pequena cisterna cumpre-se melhor ainda pela fonte abundante. Igualmente as intenções expressas nas escrituras cumprem-se completamente por quem conhece os propósitos que se ocultam por trás delas.
47. O direito que é devido é o de cumprir a missão e não o de reclamar o resultado da ação. Não considere a si mesmo o objetivo dos seus atos nem se prenda à inação.
48. Fixando a mente na yoga, abandonando o desejo de vitória ou de derrota, execute o seu trabalho sem apego ao resultado.
49. Ó ganhador de riquezas, liberte-se do trabalho motivado pelo lucro mantendo-se bem distante das ações abomináveis. Os míseros avarentos é que querem desfrutar dos resultados da ação. Quem é consciente de Mim serve-Me com devoção.
50. A pessoa que se ocupa em servir com devoção encontra-se liberada de todas as reações. Por isso pratique yoga que é fazer tudo com arte.
51. Os que fazem seu trabalho com inteira devoção, sem apego a resultados, conseguem se libertar do nascimento e da morte atingindo a perfeição.
52. Quando sua inteligência conseguir ultrapassar a floresta da ilusão, você então se tornará totalmente indiferente ao que se disse ou dirá.
53. Se sua mente resiste ao florido linguajar dos antigos textos védicos e permanece fixada em transe transcendental, então você realiza a consciência divina.
Arjuna fala:
54. Como se mostra a pessoa que atingiu a transcendência, em que língua ela se expressa, como se senta e caminha?
O Supremo Senhor fala:
55. Quando um homem renuncia aos desejos dos sentidos engendrados pela mente, obtendo contentamento unicamente no Eu, diz-se então que alcançou a consciência divina.
56. Quem está sempre tranqüilo apesar das três misérias; quem não se deixa exaltar quando há felicidade; quem está livre do apego; quem não tem ódio nem medo; merece o nome de Sábio.
57. Neste mundo transitório quem não se deixa afetar pelo bem ou pelo mal que poderão sobrevir, sem louvá-lo ou maldizê-lo, já se encontra situado na consciência divina.
58. Aquele que for capaz de retirar os sentidos de todos os seus objetos assim como a tartaruga recolhe os membros no casco, deve ser considerado um ser auto-realizado.
59. A alma corporificada consegue renunciar aos prazeres dos sentidos muito embora ela não perca o sentido do prazer. Porque, depois de provar o gozo transcendental, ela fixa a consciência.
60. Os sentidos são tão fortes que conseguem arrastar mesmo a mente do homem sóbrio que se esforça por domá-los.
61. Quem controla os seus sentidos concentrando-se em Mim pode ser considerado um homem de mente estável.
62. Ao contemplar os objetos a eles nos apegamos, do apego vem a luxúria, e da luxúria a ira.
63. Da ira vem a ilusão, a ilusão turba a memória. A memória confundida desbarata a inteligência, e quando esta se destrói cai-se de novo no poço.
64. Quem controla os seus sentidos por praticar os princípios da liberdade regrada recebe misericórdia e então fica liberado da aversão e do desejo.
65. E para quem recebeu misericórdia divina já não existem misérias, e a inteligência fixa-se nessa condição feliz.
66. Sem consciência divina a mente não se controla nem se fixa a inteligência, sem o quê, não existe a paz. E onde não existe paz, pode haver felicidade?
67. Assim como um vento forte leva um barco mar afora, apenas um dos sentidos em que a mente se detenha pode levar para longe a inteligência do homem.
68. Arjuna de braços fortes, aquele cujos sentidos estão livres dos objetos, tem a inteligência firme.
69. O que é noite para todos é tempo de despertar para os autocontrolados. E o que é manhã para todos, para o pensativo é noite.
70. Quem não se deixa agitar pelo fluir dos desejos que entram qual rios no mar, que no entanto fica estável, é o único que tem paz; não aceite aquele que se esforça por saciar seus desejos.
71. A pessoa que abandona o sentimento de posse e os desejos dos sentidos, desprovida de egoísmo, alcança a paz verdadeira.
72. Eis o caminho da vida, divina e espiritual, onde não existe engano. Indo por este caminho, mesmo na hora da morte, chega-se ao Reino de Deus.
Fala Sanjaya:
1. A ele, que estava repleto de amargura e com os olhos cheios de lágrimas, dirigiu-se Madhusudana e o consolou com as seguintes palavras:
Krishna e Arjuna no campo de batalha
Fala Krishna:
2. Neste momento decisivo, ó Arjuna, por que te entregas a semelhante desânimo, indigno de um Ariano e que te fecha os céus?
3. Não cedas à fraqueza, que de nada serve. Enche-te de coragem contra teus inimigos e sê o que realmente és!
Fala Arjuna:
4. Mas, como posso lutar, ó Madhusudana, e lançar flechas contra Bhisma e Drohna, que ambos merecem reverência e simpatia?
5. Bem melhor seria comer pão mendigado neste mundo do que trucidar esses grandes chefes. E, se os matasse, manchado de sangue, que seriam toda minha riqueza e os prazeres da Terra?
6. Melhor seria sucumbir às mãos deles, donde deriva gozo e felicidade, do que matá-los, a esses, sem os quais não teria fim o vácuo da minha vida.
7. Com a alma repleta de temor e compaixão, eu te suplico, Senhor, faze-me saber qual o caminho certo. Eu, teu discípulo, me refugio a Ti para saber o que devo fazer e deixar de fazer.
8. De que me serviria um reino próspero, se não me libertar da culpa? De que me serve possuir o mundo, se os que amo não mais existem?
Fala Sanjaya:
9. Assim falava Arjuna ao Senhor dos corações. "Não, não quero lutar!", suspirou - e calou-se.
10. Krishna, porém, sorrindo benevolamente, ali mesmo, em face dos dois exércitos, assim falou ao desanimado:
Fala Krishna:
11. Andas triste por algo que tristeza não merece - e tuas palavras carecem de sabedoria. O sábio, porém, não se entristece com nada, nem por causa dos mortos nem por causa dos vivos.
12. Nunca houve tempo em que eu não existisse, nem tu, nem algum desses príncipes - nem jamais haverá tempo em que algum de nós deixe de existir em seu Ser real.
13. O verdadeiro Ser vive sempre. Assim como a alma incorporada experimenta infância, maturidade e velhice dentro do mesmo corpo, assim passa também de corpo a corpo - sabem os iluminados e não se entristecem.
14. Quando os sentidos estão identificados com objetos sensórios, experimentam sensações de calor e de frio, de prazer e de sofrimento - estas coisas vêm e vão; são temporárias por sua própria natureza. Suporta-as com paciência!
15. Mas quem permanece sereno e imperturbável no meio do prazer e do sofrimento, somente esse é que atinge a imortalidade.
16. O que é irreal não existe, e o que é real nunca deixa de existir. Os videntes da Verdade compreendem a íntima natureza tanto disto como daquilo, a diferença entre o ser e o parecer.
17. Compreende como certo, ó Arjuna, que indestrutível é aquilo que permeia o Universo todo; ninguém pode destruir o que é imperecível, a Realidade.
18. Perecíveis são os corpos, esses templos do espírito - eterna, indestrutível, infinita é a alma que neles habita. Por isto, ó Arjuna, luta!
19. Quem pensa que a Alma, o Eu, que mata, ou o Eu que morre, não conhece a Verdade. O Eu não pode matar nem morrer.
20. O Eu nunca nasceu nem jamais morrerá. E uma vez que existe, nunca deixará de existir. Sem nascimento, sem morte, imutável, eterno - sempre ele mesmo é o Eu, a alma. Não é destruído com a destruição do corpo (material).
21. Quem sabe que a alma de tudo é indestrutível e eterna, sem nascimento nem morte, sabe que a essência não pode morrer, ainda que as formas pereçam.
22. Assim como o homem se despoja de uma roupa gasta e veste roupa nova, assim também a alma incorporada se despoja de corpos gastos e veste corpos novos.
23. Armas não ferem o Eu, fogo não o queima, águas não o molham, ventos não o ressecam.
24. O Eu não pode ser ferido nem queimado; não pode ser molhado nem ressecado - ele é imortal; não se move nem é movido, e permeia todas as coisas - o Eu é eterno.
25. Para além dos sentidos, para além da mente, para além dos efeitos da dualidade habita o Eu. Pelo que, sabendo que tal é o Eu, por que te entregas à tristeza ó Arjuna?
26. Se o ego está sujeito às vicissitudes de nascer e morrer, nem por isto deves entristecer-te, ó Arjuna.
27. Inevitável é a morte para os que nascem; todo morrer é um nascer - pelo que, não deves entristecer-te por causa do inevitável.
28. Imanifesto é o princípio dos seres; manifesto o seu estado intermediário; e imanifesto é também o seu estado final. Por isto, ó Arjuna, que motivo há para a tristeza?
29. Alguns conhecem o Eu como glorioso; alguns falam dele como glorioso; outros ouvem falar dele como glorioso; e outros, embora ouçam, nada compreendem.
30. Eterno e indestrutível é o Eu, que está sempre presente em cada ser. Por isto, ó Arjuna, não te entristeças com coisa alguma.
31. De mais a mais, visando o teu próprio dever, não vaciles, porquanto, para um príncipe da classe dos guerreiros, nada é superior à uma guerra justa.
32. Felizes deveras são os guerreiros chamados a lutar numa batalha dessa natureza, que lhes vem espontaneamente como uma porta aberta para os céus.
33. Mas, se você se negar a cumprir o seu dever de combater nesta luta, incorrerá em pecado e perderá para sempre sua fama de guerreiro.
34. Todos irão comentar sua infame conduta e para quem se respeita, desonra é pior que a morte.
35. Todos estes generais que lhe têm em alta conta, por seu nome e sua fama, certamente irão pensar que foi somente por medo que você não quis lutar.
36. Todos seus inimigos falarão mal de você, demonstrando menosprezo pelas suas qualidades. O que poderia ser mais doloroso que isso?
37. Ó bravo filho de Kunti, ou você morre na luta e vai viver outra vida nos mundos celestiais ou, se vencer, você vive para gozar nesta Terra. Por isso, lute com fé.
38. Lute apenas por lutar sem pensar em perda ou ganho, em alegria ou tristeza, em vitória ou em derrota, pois, agindo desse modo, você nunca pecará.
39. Até aqui Eu lhe falei do conhecimento obtido pelo estudo analítico da filosofia Sankhya. Ouça agora o que direi ó descendente de Bhárata, sobre o trabalho que é feito sem apego a resultados, que livra do cativeiro do trabalho mercenário.
40. Nesta via não há perda e nenhum esforço é em vão, e um pequeno avanço nela liberta do grande medo.
41. Amado filho dos kurus, quem segue por esta via de maneira resoluta possui a mente indivisa. Mas a mente do indeciso segue muitas direções.
42-43. Falsos adeptos dos Vedas desejosos de prazeres, de riqueza e de poder, fazem ritos para entrar nos mundos celestiais. Eles ficam fascinados pelo linguajar florido dos antigos textos védicos, e só crêem no que existe para o gozo dos sentidos.
44. Na mente dos apegados aos prazeres dos sentidos e à riqueza material e que por isso se iludem, não ocorre a decisão de prestar serviço a Deus.
45. Os Vedas tratam das três qualidades da matéria. Eleve-se acima delas, livre-se das dualidades e do desejo de posse, Arjuna, e fixe-se no Eu.
46. O propósito cumprido pela pequena cisterna cumpre-se melhor ainda pela fonte abundante. Igualmente as intenções expressas nas escrituras cumprem-se completamente por quem conhece os propósitos que se ocultam por trás delas.
47. O direito que é devido é o de cumprir a missão e não o de reclamar o resultado da ação. Não considere a si mesmo o objetivo dos seus atos nem se prenda à inação.
48. Fixando a mente na yoga, abandonando o desejo de vitória ou de derrota, execute o seu trabalho sem apego ao resultado.
49. Ó ganhador de riquezas, liberte-se do trabalho motivado pelo lucro mantendo-se bem distante das ações abomináveis. Os míseros avarentos é que querem desfrutar dos resultados da ação. Quem é consciente de Mim serve-Me com devoção.
50. A pessoa que se ocupa em servir com devoção encontra-se liberada de todas as reações. Por isso pratique yoga que é fazer tudo com arte.
51. Os que fazem seu trabalho com inteira devoção, sem apego a resultados, conseguem se libertar do nascimento e da morte atingindo a perfeição.
52. Quando sua inteligência conseguir ultrapassar a floresta da ilusão, você então se tornará totalmente indiferente ao que se disse ou dirá.
53. Se sua mente resiste ao florido linguajar dos antigos textos védicos e permanece fixada em transe transcendental, então você realiza a consciência divina.
Arjuna fala:
54. Como se mostra a pessoa que atingiu a transcendência, em que língua ela se expressa, como se senta e caminha?
O Supremo Senhor fala:
55. Quando um homem renuncia aos desejos dos sentidos engendrados pela mente, obtendo contentamento unicamente no Eu, diz-se então que alcançou a consciência divina.
56. Quem está sempre tranqüilo apesar das três misérias; quem não se deixa exaltar quando há felicidade; quem está livre do apego; quem não tem ódio nem medo; merece o nome de Sábio.
57. Neste mundo transitório quem não se deixa afetar pelo bem ou pelo mal que poderão sobrevir, sem louvá-lo ou maldizê-lo, já se encontra situado na consciência divina.
58. Aquele que for capaz de retirar os sentidos de todos os seus objetos assim como a tartaruga recolhe os membros no casco, deve ser considerado um ser auto-realizado.
59. A alma corporificada consegue renunciar aos prazeres dos sentidos muito embora ela não perca o sentido do prazer. Porque, depois de provar o gozo transcendental, ela fixa a consciência.
60. Os sentidos são tão fortes que conseguem arrastar mesmo a mente do homem sóbrio que se esforça por domá-los.
61. Quem controla os seus sentidos concentrando-se em Mim pode ser considerado um homem de mente estável.
62. Ao contemplar os objetos a eles nos apegamos, do apego vem a luxúria, e da luxúria a ira.
63. Da ira vem a ilusão, a ilusão turba a memória. A memória confundida desbarata a inteligência, e quando esta se destrói cai-se de novo no poço.
64. Quem controla os seus sentidos por praticar os princípios da liberdade regrada recebe misericórdia e então fica liberado da aversão e do desejo.
65. E para quem recebeu misericórdia divina já não existem misérias, e a inteligência fixa-se nessa condição feliz.
66. Sem consciência divina a mente não se controla nem se fixa a inteligência, sem o quê, não existe a paz. E onde não existe paz, pode haver felicidade?
67. Assim como um vento forte leva um barco mar afora, apenas um dos sentidos em que a mente se detenha pode levar para longe a inteligência do homem.
68. Arjuna de braços fortes, aquele cujos sentidos estão livres dos objetos, tem a inteligência firme.
69. O que é noite para todos é tempo de despertar para os autocontrolados. E o que é manhã para todos, para o pensativo é noite.
70. Quem não se deixa agitar pelo fluir dos desejos que entram qual rios no mar, que no entanto fica estável, é o único que tem paz; não aceite aquele que se esforça por saciar seus desejos.
71. A pessoa que abandona o sentimento de posse e os desejos dos sentidos, desprovida de egoísmo, alcança a paz verdadeira.
72. Eis o caminho da vida, divina e espiritual, onde não existe engano. Indo por este caminho, mesmo na hora da morte, chega-se ao Reino de Deus.
BHAGAVAD-GITA: CANTO I
IGNORÂNCIA E SOFRIMENTO DE ARJUNA
Fala Krishna:
25. Eis aí reunidos os parentes dos Kurus!
Fala Sanjaya (o narrador):
26. Então viu Arjuna, nos dois exércitos, homens ligados a ele pelos vínculos do sangue: pais, avós, mestres, primos, filhos, netos, sogros, colegas e outros amigos - todos armados em guerra contra ele:
27. Com o coração dilacerado de dor e profundamente condoído, assim falou ele:
Krishna e Arjuna no campo de batalha
Fala Arjuna:
28. Ó Krishna! Ao reconhecer como meus parentes todos esses homens, que devo matar, sinto os meus membros paralisados, a língua ressequida no paladar, o coração a tremer e os cabelos eriçados na cabeça... Falha a força do meu braço... Cai-me por terra o arco que tendera...
29. Mal me tenho em pé... Ardem-me em febre os membros... Confusos estão os meus pensamentos... A própria vida parece fugir de mim...
30. Nada enxergo diante de mim senão dores e ais... Que bem resultaria daí, ó Keshava (um dos muitos apelidos de Krishna), se eu trucidasse os meus parentes?
31. Não, Krishna, não quero vencer. Não quero, deste modo, conquistar soberania e glória, riqueza e prazer.
32. Ó Govinda, como poderia semelhante vitória dar-me satisfação? Como me compensariam esses espólios da perda que sofreria? E que gozo teria ainda a minha vida, se a possuísse pelo preço do sangue dos únicos que me são caros, e sem os quais a vida me seria sem valor?
33. Avós, pais e filhos, aqui os vejo. Mestres, amigos, cunhados, parentes - não, não os quero matar, ó Senhor dos mundos! Nem que eles anseiem por derramar o meu sangue.
34. Não os matarei, Madhusudana, ainda que com isto lograsse domínios sobre os três mundos - menos ainda me seduz a posse da terra.
35. Dores somente me caberiam por semelhante mortandade.
36. Mesmo que os filhos dos Dhritarashtras sejam pecadores, sobre nossa cabeça recairia a culpa, se os matássemos. Não, não é lícito matá-los. E como poderíamos ser felizes, sem os nossos parentes, ó Madhava?
37. E se eles, obsedados de cobiça e cólera, não vêem pecado na rebeldia e no sangue derramado,
38. Como poderíamos nós fazer o mesmo, ó Santo? Nós que vemos pecado em matarmos nossos parentes?
39. Quando uma tribo se corrompe, perece a piedade, e com ela perece o povo - a impiedade é contagiosa!
40. Corrompe a mulher, mesclando o puro com o impuro, e abre-se o inferno ao destruído e ao destruidor.
41. Até as divindades, destituídas dos sacrifícios, tombam dos céus.
42. E essa mescla de puros com impuros produz a ruína das famílias.
43. E o destino do destruidor é o inferno, consoante as escrituras.
44. Ai, que desgraça seria se trucidássemos nossos parentes, levados pela ambição do poder!
45. Bem melhor seria se nos rendêssemos aos inimigos armados e nos deixássemos matar na luta, sem armas nem defesa.
Assim dizendo, em pleno campo de batalha, deixou-se Arjuna tombar no assento da carruagem, e das mãos lhe caíram arco e flechas, porque trazia o coração repleto de amargura.
Fala Krishna:
25. Eis aí reunidos os parentes dos Kurus!
Fala Sanjaya (o narrador):
26. Então viu Arjuna, nos dois exércitos, homens ligados a ele pelos vínculos do sangue: pais, avós, mestres, primos, filhos, netos, sogros, colegas e outros amigos - todos armados em guerra contra ele:
27. Com o coração dilacerado de dor e profundamente condoído, assim falou ele:
Krishna e Arjuna no campo de batalha
Fala Arjuna:
28. Ó Krishna! Ao reconhecer como meus parentes todos esses homens, que devo matar, sinto os meus membros paralisados, a língua ressequida no paladar, o coração a tremer e os cabelos eriçados na cabeça... Falha a força do meu braço... Cai-me por terra o arco que tendera...
29. Mal me tenho em pé... Ardem-me em febre os membros... Confusos estão os meus pensamentos... A própria vida parece fugir de mim...
30. Nada enxergo diante de mim senão dores e ais... Que bem resultaria daí, ó Keshava (um dos muitos apelidos de Krishna), se eu trucidasse os meus parentes?
31. Não, Krishna, não quero vencer. Não quero, deste modo, conquistar soberania e glória, riqueza e prazer.
32. Ó Govinda, como poderia semelhante vitória dar-me satisfação? Como me compensariam esses espólios da perda que sofreria? E que gozo teria ainda a minha vida, se a possuísse pelo preço do sangue dos únicos que me são caros, e sem os quais a vida me seria sem valor?
33. Avós, pais e filhos, aqui os vejo. Mestres, amigos, cunhados, parentes - não, não os quero matar, ó Senhor dos mundos! Nem que eles anseiem por derramar o meu sangue.
34. Não os matarei, Madhusudana, ainda que com isto lograsse domínios sobre os três mundos - menos ainda me seduz a posse da terra.
35. Dores somente me caberiam por semelhante mortandade.
36. Mesmo que os filhos dos Dhritarashtras sejam pecadores, sobre nossa cabeça recairia a culpa, se os matássemos. Não, não é lícito matá-los. E como poderíamos ser felizes, sem os nossos parentes, ó Madhava?
37. E se eles, obsedados de cobiça e cólera, não vêem pecado na rebeldia e no sangue derramado,
38. Como poderíamos nós fazer o mesmo, ó Santo? Nós que vemos pecado em matarmos nossos parentes?
39. Quando uma tribo se corrompe, perece a piedade, e com ela perece o povo - a impiedade é contagiosa!
40. Corrompe a mulher, mesclando o puro com o impuro, e abre-se o inferno ao destruído e ao destruidor.
41. Até as divindades, destituídas dos sacrifícios, tombam dos céus.
42. E essa mescla de puros com impuros produz a ruína das famílias.
43. E o destino do destruidor é o inferno, consoante as escrituras.
44. Ai, que desgraça seria se trucidássemos nossos parentes, levados pela ambição do poder!
45. Bem melhor seria se nos rendêssemos aos inimigos armados e nos deixássemos matar na luta, sem armas nem defesa.
Assim dizendo, em pleno campo de batalha, deixou-se Arjuna tombar no assento da carruagem, e das mãos lhe caíram arco e flechas, porque trazia o coração repleto de amargura.
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